A etnia Karajá, habitante da região norte do país, se autodenomina Iny – pronunciado inã – e eles possuem um idioma próprio, o Inyribé – inãribé – que se destaca pela presença da marcação de gênero, semelhante ao obrigada/obrigado observado na Língua Portuguesa. Essa diferença é, normalmente, caracterizada pela presença de uma consoante, a mais comum é a “K” mas também usa-se o “N” e o “TX”. Podemos observar essa marcação de gênero utilizando dois artefatos em exposição no Museu das Culturas Dom Bosco: as bonecas Karajá.
Essas bonecas, tradicionalmente fabricadas à partir da madeira, carregam o peso histórico da sociedade Karajá. Confeccionadas com o intuito de contar o mito de origem desse povo, estes artefatos, quando observados no interior da sociedade Karajá, apresentam nomenclaturas diferentes de acordo com o gênero do locutor. Quando as mulheres se referem a essas bonecas, utilizam o termo Kawa-Kawa; já os homens dessa etnia utilizam o termo Awa-Awa para se referir à elas. Quando manufaturadas a partir da cerâmica, estas bonecas têm seus nomes substituídos por outros termos, igualmente diferenciados pelo gênero de quem a elas se refere: Ritxko quando referenciada pelas mulheres e Ritxoo pelos homens.
Atualmente as bonecas Karajá são feitas apenas de cerâmica, com o objetivo único de venda para complementação de renda, consequência direta da influência da sociedade não-indígena na economia das grandes nações nativas.
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Texto de Kézia Dias. Edição por Matheus Mota
2 Comments
Muito interessante!!!
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