Museu da Pessoa e Visibilidade Indígena lançam exposição virtual Vidas Indígenas 

“Eu levei muito tempo depois pra entender o que é ser índio, porque, quando a gente é, não é uma questão pra gente, a gente é. A gente tem conhecimentos, a gente tem tradições, tem uma língua, tem uma espiritualidade que é, nascemos e é isso.”

Essa frase dita por Pagu Fulni-ô integra a mais nova exposição virtual do Museu da Pessoa em  parceria com o portal Visibilidade Indígena: Vidas Indígenas: modos de habitar o mundo (www.exposicaovidasindigenas.museudapessoa.org), que entrou ao ar no dia 19 de abril e fica em destaque até julho de 2022.

Ao todo, são 10 histórias de vida do acervo do Museu, apresentadas em vídeos inéditos, e divididas em duas galerias de visitação. “Vidas Indígenas: modos de habitar o mundo” conta com a curadoria de Karen Worcman, fundadora do Museu da Pessoa; Lucas Lara, diretor de Museologia; e Flora Gurgel, assistente de curadoria. 

A exposição é composta por histórias de pessoas indígenas de diferentes povos que trazem um foco no valor de suas origens, deslocamentos e luta pelo direito de ser e existir. Independente do espaço em que se encontram, aldeia ou cidade, Vidas Indígenas apresenta pessoas e suas vivências, suas buscas profundas, descobertas, medos e anseios. “O mundo acha que os indígenas são um povo que está lá no mato. Não. Que está com uma cultura parada. O povo está em constante movimentação.” contou Cristino Wapichana, escritor e músico, em entrevista realizada para o Museu da Pessoa em 2019.

“O programa Vidas Indígenas do Museu da Pessoa visa fortalecer as comunidades indígenas por meio da preservação de suas memórias, a fim de contribuir com sua luta pela autopreservação. Ele está sendo desenvolvido para que as próprias comunidades indígenas sejam protagonistas da sua história e tenham autonomia no desenvolvimento dos seus projetos de memória. Constituir  um acervo de memória digital indígena contribui para além da preservação de suas histórias de vida, para desmistificar noções prévias sobre os indígenas, que foram  constituídas historicamente.  Acreditamos que disseminar e preservar suas memórias é uma forma de combater a intolerância contra os povos originários”, conta Rosana Miziara, relações institucionais do Museu da Pessoa.

Parcerias

Além das dez histórias que integram a exposição, é possível acessar a coleção Indígenas pela terra e pela vida, criada em parceria com o Armazém Memória e o Instituto de Políticas Relacionais (IPR) em 2021. As oito histórias desse projeto, em sua maioria gravadas durante o Acampamento Terra Livre, trazem narrativas a respeito da luta de novas lideranças indígenas pelo direito à terra de seus povos, entre outras tantas lutas travadas pela comunidade indígena brasileira para garantia de direitos originários. 

A exposição ainda conta com cinco histórias de indígenas Warao, da série Cultura Imaterial Warao. Produzidos pelo UNHCR ACNUR, os vídeos que compõem essa série contam as vivências de pessoas que se deslocaram de forma forçada da sua terra natal, no norte da Venezuela, até o Brasil em busca de proteção e meios dignos de vida. O conjunto de vídeos apresenta um recorte da diversidade cultural e os amplos conhecimentos imateriais dos Warao, dividindo-se em cinco diferentes abordagens, sendo elas: mito, alimentos e cura, língua, dança e canto. 

A identidade visual foi criada por Jaú, designer indígena nativu do Pará. A fonte utilizada é de uma designer brasileira e a paleta de cores foi pensada a partir de uma imagem de um pé de urucum, com exceção do azul, que é o contraponto do vermelho. “Cada pessoa que foi entrevistada pertence a um povo, e cada povo tem seu grafismo sobreposto à sua foto. No fundo são texturas da natureza, sendo essa nossa luta coletiva, pela floresta em pé.” conta Jaú.  

Programação 2022/2023

Com o lançamento da exposição “Vidas Indígenas”, o Museu da Pessoa inaugura a programação de 2022 e 2023, que terá o tema Qual é o seu legado?. “Em Vidas Indígenas: modos de habitar o mundo buscamos apresentar as vivências de pessoas que carregam sua sabedoria ancestral independente de onde estejam. A exposição marca o início da programação bianual do Museu da Pessoa e faz parte de uma série de iniciativas que visam preservar e disseminar histórias de vida de pessoas indígenas.”, define Flora Gurgel, assistente de curadoria do Museu da Pessoa. 

As atividades dentro da programação foram planejadas em três dimensões: Eu, Nós e Sociedade. Na dimensão do “nós”, a abordagem será em torno dos 30 anos do Museu da Pessoa e o legado tangível e intangível da instituição.

A exposição Vidas Indígenas: modos de habitar o mundo foi criada em conjunto com a Visibilidade Indígena e conta com a parceria do Instituto de Políticas Relacionais, Armazém Memória e ONU ACNUR.

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