Os museus reais e os do manual: breve comentário político

Os museus reais e os do manual: breve comentário político

Há, infelizmente, uma significativa diferença entre os museus reais e os museus de manuais. Museus reais entendidos aqui como a maioria dos museus, não como os maiores.  Nos cursos ofertados e livros sobre acondicionamento e conservação preventiva sempre há instruções sobre materiais e equipamentos que faltam na maioria dos museus, em especial aqui no Brasil. Quantos museus Brasil afora têm um luxímetro? 

A criatividade e dedicação dos profissionais e gestores terminam por resolver uma considerável parte dos problemas. Desligar o condicionador de ar quando for lidar com documentação antiga em suporte papel ajuda a preservar um documento nos locais em que não há uma climatização constante, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Assim se evita a brusca mudança de temperatura e a corrente fria direcionada à frágil fibra do papel envelhecido. A adoção de papéis como cartolina livre de acidez, PH neutro e sem miolo escurecido no lugar do material especializado. Em alguns museus, mesmo a cartolina comum ainda é adotada pela facilidade do acesso e preço. 

Por outro lado, é preciso destacar, na primeira frase do segundo parágrafo, o trecho “considerável parte”. Ou seja, não são todos os problemas, evidentemente, que podem ser resolvidos sem um orçamento adequado. Daí que é preciso considerar uma expansão do já conhecido aspecto político do museu. Ele não deve se manifestar unicamente nas exposições e mesmo comunicação com o público, mas nas diversas formas de organização, em coletividade com diversas instituições museais e de cultura, em diálogo com as comunidades a elas ligadas, voltadas para a melhoria permanente e estrutural também dos próprios museus e equipamentos culturais.

Daí a importância de redes de museus e que tais redes não sejam apenas de cooperação técnica, científica e de mão-de-obra, mas também política. A atuação conjunta, entendendo como parte do conjunto também a comunidade da qual o museu faz parte, é essencial para que a distância entre o que se vê nos manuais e a realidade seja cada vez menor.

Autor: Tiago Tavares e Silva

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