O governo do presidente argentino Javier Milei anunciou o fechamento do Centro Cultural da Memória Haroldo Conti, um espaço emblemático dedicado à preservação da memória histórica e à conscientização sobre os crimes cometidos durante a ditadura militar no país (1976-1983). A decisão, comunicada aos funcionários em 31 de dezembro de 2024, gerou forte repercussão e críticas de organizações de direitos humanos.
História e importância do centro cultural
Inaugurado em 2008, o Centro Cultural da Memória Haroldo Conti foi criado em homenagem ao escritor argentino Haroldo Conti, desaparecido em 1976, vítima da repressão estatal. O espaço, localizado no antigo prédio da ESMA (Escola de Mecânica da Armada), que foi um dos maiores centros de detenção e tortura da ditadura, tornou-se um símbolo da luta por justiça e memória no país.
Por mais de 15 anos, o centro promoveu atividades culturais como exposições de arte, oficinas e apresentações teatrais, com o objetivo de educar e informar sobre os abusos e crimes durante o regime militar. Sua existência também representava um compromisso do Estado argentino com a memória e os direitos humanos.
Justificativa do governo
O governo Milei justificou o fechamento do centro como parte de sua política de austeridade, que busca reduzir os gastos públicos e o tamanho do Estado. Segundo autoridades do governo, o espaço será “reestruturado” para atender a novas prioridades. Contudo, os detalhes sobre o futuro do local permanecem incertos.
Reações da sociedade
A decisão foi duramente criticada por organizações de direitos humanos e setores da sociedade civil, que veem a medida como uma tentativa de apagar ou minimizar a memória dos crimes da ditadura. Representantes de movimentos de memória histórica expressaram preocupação com o impacto do fechamento em um momento em que outras ações do governo Milei foram interpretadas como revisionistas.
Entre as ações questionadas estão declarações de membros do governo que relativizam o número de desaparecidos durante a ditadura, além da divulgação de conteúdos que colocam em xeque relatos históricos geralmente aceitos.
Preocupações com o futuro
Especialistas e ativistas alertam que o encerramento das atividades do Centro Cultural Haroldo Conti representa um retrocesso significativo nos esforços de preservação da memória e da justiça. Além disso, a medida reforça as preocupações sobre o compromisso do atual governo com os direitos humanos e com o reconhecimento dos crimes de um dos períodos mais sombrios da história argentina.
Enquanto a sociedade argentina debate os desdobramentos dessa decisão, a ação do governo Milei acende um alerta sobre o impacto de políticas que podem enfraquecer a memória histórica e comprometer a luta por justiça e acessórios.
Foto: Presidente da Argentina, Javier Milei (Foto: REUTERS/Agustin Marcarian) Fonte: Jornal Metropoles
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