Conceição Evaristo: crítica e sensibilidade

Maria da Conceição Evaristo de brito nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1946, filha de Joana Josefina Evaristo. Como teve mais oito irmãos, ainda jovem foi morar com a tia Maria Filomena da Silva e, assim, devido à pequena melhora de condições, teve possibilidade de estudar. O primeiro emprego doméstico que teve foi aos oito anos de idade e, com o passar do tempo, passou a ajudar outras crianças com os deveres da escola. Conceição trocava alguns trabalhos por livros e aulas particulares.

A nossa casa vazia de bens materiais era habitada por palavras. Mamãe contava, minha tia contava, meu tio velhinho contava, os vizinhos e amigos contavam. Tudo era narrado, tudo era motivo de prosa-poesia, afirmo sempre. Entretanto, ainda asseguro que o mundo da leitura, o da palavra escrita, também me foi apresentado no interior de minha família que, embora constituída por pessoas em sua maioria apenas semi-alfabetizadas, todas eram seduzidas pela leitura e pela escrita. Tínhamos sempre em casa livros velhos, revistas, jornais.” (Conceição Evaristo, I Colóquio de Escritoras Mineiras, 2009)

Frequentou a escola pública em Belo Horizonte e, em 1958, ganhou o primeiro prêmio de literatura. Assim, venceu um concurso com a redação chamada “Por que me orgulho de ser brasileira”. Então, após o ginásio, com cerca de 17 anos, entrou no movimento da Juventude Operária Católica que discutiam as relações entre a igreja e a realidade social do país.

Veio para o Rio de Janeiro nos anos 70 para cursar Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, é Mestre em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ) com a pesquisa intitulada “Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade”, e Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com a tese “Poemas malungos, cânticos irmãos”.

Escrevivência, por Conceição Evaristo

Conceição atuou como professora da rede municipal do Rio de Janeiro, mas também é ativista do movimento de valorização da cultura negra no país. Assim, desde os anos 90, publica contos, poemas, ensaios e ficções sobre a temática. Sua versatilidade acompanha uma escrita não-linear, que, portanto, se constrói por caminhos, por vezes, sinuosos e labirínticos, e que, quase sempre, tem uma figura feminina como centro. No entanto, o tom crítico e denunciador da escritora não exclui a sensibilidade com que enxerga o mundo e o imprime em palavras.

O primeiro romance de Conceição Evaristo foi “Ponciá Vicêncio”, de 2003. Este, aliás, passou a fazer parte da bibliografia de vários vestibulares de universidade brasileiras. Em seguida, publicou “Becos da Memória”, que abordou o cenário e os processos de uma favela em processo de remoção. Pouco tempo depois, em 2007, “Ponciá Vicêncio” ganhou uma tradução para o inglês nos Estados Unidos. A tradução abriu portas para diversas palestras de Conceição em universidades do país.

Em 2014, após a publicação da coletânea de contos “Insubmissas lágrimas de mulheres” e da reedição de “Becos da Memória”, Conceição publicou “Olhos D’água”. O livro, então, foi finalista no Prêmio Jabuti na categoria de “Contos e crônicas”.

“Escrevo sabendo que estou perseguindo uma sombra, um vestígio talvez. E como a memória é também vítima do esquecimento, invento, invento. Inventei, confundi Ponciá Vicêncio nos becos de minha memória. E dos becos de minha memória imaginei, criei. Aproveitei a imagem de uma velha Rita que eu havia conhecido um dia. E ainda desses mesmos becos, posso ter tirado de lá Ana e Davenga. Quem sabe Davenga não era primo de Negro Alírio?” (Conceição Evaristo, I Colóquio de Escritoras Mineiras, 2009)

No entanto, seguindo os desejos de Conceição de que as pessoas não leiam apenas a sua biografia, mas também os seus textos, segue link de uma matéria do Literafro, o portal de literatura afro-brasileira do curso de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nele, é possível acessar a listagem completa de obras da escritora. Não deixe de conferir!

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