As cuias estão presentes no cotidiano de muitos brasileiros, seja durante as refeições ou em celebrações, por exemplo. Assim, elas carregam histórias tanto sobre o modo de viver das pessoas, como da relação delas com a cultura ao redor. Ou seja, as cuias são representação da religiosidade, da economia, dos hábitos alimentares.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) reconheceu a importância das cuias para a narrativa nacional. Dessa forma, o modo de fazer desses objetos passou a fazer parte do Livro de Registro dos Saberes. O processo de reconhecimento teve início com uma ação do Museu de Folclore Edison Carneiro, no Rio de Janeiro, em 2003, mas a titulação de Patrimônio Cultural só ocorreu em 2015.
O processo de confecção das cuias
As cuias são, tradicionalmente, feitas por mulheres do Baixo Amazonas, no Pará – especialmente em Santarém e Monte Alegre. Elas, então, transformam os frutos da cuieira em recipientes. Assim, o processo tem início com a coleta dos frutos, depois eles são divididos ao meio. Depois, cada metade é lavada, raspada com escamas de pirarucu ou folhas de embaúba e, por fim, expostas ao sol. O resultado é uma estrutura lisa e resistente.
Após a preparação, as cuias são pintadas com o cumatê, um pigmento da planta cumatezeiro. Após a aplicação de diversas camadas da tintura, os desenhos são feitos com instrumentos cortantes, como facas. Dessa forma, formam-se os desenhos florais e grafismos inspirados nas cerâmicas arqueológicas do povo Tapajós que vemos. No entanto, segundo as pesquisas do IPHAN, essas incisões só passaram a fazer parte do processo das cuias no século XX.
Os povos ribeirinhos da região aplicam a mesma técnica de confecção das cuias em outros objetos. Dessa forma, é possível encontrar copos, jarras, vasos, travessas, braceletes e outros produtos com aspecto semelhante ao das cuias.
Foto de Capa: O liberal