O povo da etnia popularmente conhecida como Bororo é, na realidade, denominado Boe pois é assim que a população se identifica, apesar de outros nomes como Otuke também serem utilizados. Esta proeminente nação brasileira habitava grande parte do centro-oeste brasileiro, ocupando uma área que se estendia até a Bolívia. Atualmente, no entanto, o povo Boe habita seis Terras Indígenas (TI) de extensão limitada no Mato Grosso, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA).
O termo Bororo, utilizado pelos não-indígenas para indicar o povo Boe, significa “pátio” e é erroneamente usado como o nome oficial da nação. Este erro se explica através de um mal entendido linguístico que acabou sendo perpetuado até os dias atuais: os primeiros grupos a entrar em contato com os Boe ouviram os indígenas falando sobre o pátio da aldeia, denominado Bororo no idioma desse povo. O mal entendido continua devido à possibilidade desse termo também ser o nome de um antepassado ou herói daquele grupo, causando com que seu nome fosse frequentemente pronunciado pelos indígenas e ouvido pelos bandeirantes e outros colonizadores que estavam atuando no primeiro contato com o povo Boe.
Na cultura desta nação estão presentes importantes rituais que representam fundamentos da história Boe, como a simbologia fúnebre presente nas cerimônias dedicadas a este fim ou as cores vibrantes que constituem a belíssima plumagem deste povo. Entre as demais características deste povo podem ser destacados a importância pelo equilíbrio com a natureza, o amor e cuidado para com os seus iguais e a infeliz preocupação com a presença e influência da sociedade não-indígena em seu meio, já responsável por tantas atrocidades acometidas às nações nativas brasileiras.
Uma pessoa integrante da cultura Boe que se destaca entre a população externa é o homem indígena Akirio Bororo Kejewu, conhecido como Tiago Marques Aipobureu, consequência do novo nome dado após seu contato com os missionários salesianos. Akirio é muito importante para o estudo e reconhecimento da cultura Boe já que foi graças a sua colaboração com os padres César Albisetti e Ângelo Jayme Venturelli que foi possível constituir a Enciclopédia “Bororo”, maior obra de estudo Boe até o momento de sua publicação.
No Museu das Culturas Dom Bosco é possível experienciar uma representação visual e interativa de toda a riqueza cultural do povo Boe através das vitrines especificamente posicionadas de forma a aumentar a interação do público com a exposição. Maravilhosas plumagens e artefatos cuidadosamente trabalhados pelos integrantes da cultura Boe estão expostos no MCDB, apenas aguardando o deleite do público visitante do museu.
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Texto de Kézia Dias. Edição por Matheus Mota
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