Você já ouviu falar na maldição goethiana?

Hoje em dia, dizemos que a televisão, a internet e as redes sociais tem muita influência sobre as pessoas, não é? Elas criam padrões de comportamento, incentivam ações, promovem “cancelamentos” e por aí vai. No entanto, antes disso, quem ocupava esse papel era a literatura. Ao longo da história, diversas escolas literárias foram se desenvolvendo e, com elas, modos de pensar e agir também. Os autores estavam inseridos na sociedade na qual produziam, mas a maneira como eles enxergavam o mundo a sua volta impactava bastante na vida de quem lia – e viraram até maldição.

Tendo isso em mente, no século XVIII, o poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe ganhou destaque. A publicação de “Os sofrimentos do jovem Werther” causou um verdadeiro alvoroço e influenciou muitos outros escritores a seguirem a Escola Romântica. Aliás, em parceria com Friedrich Schiller, o autor fundou o movimento Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto), responsável por inaugurar o movimento literário na Alemanha.

Retrato de Goethe. Fonte: Editora Unesp.

A maldição goethiana

Sendo assim, a narrativa densa e lírica daquele romance se pauta nas cartas entre Werther e o amigo Guilherme. As prosas cotidianas se alteram quando o jovem Werther engata em uma paixão avassaladora e não-correspondida por Charlotte. Tanto sofrimento o leva a cometer suicídio com um tiro. O trecho que narra a sua morte é considerado, por muitos especialistas, um marco na literatura. É perturbador, realístico, cru. No entanto, o realismo foi tanto que muitos jovens, influenciados pela aura depressiva e extremamente apaixonada que o livro criou, resolveram seguir o mesmo destino.

Assim, deu-se a “maldição goethiana”. Foram tantos suicídios em um curto espaço de tempo que a Igreja chegou a incluir o livro na lista de proibidos. Além disso, o comportamento ficou conhecido como “Efeito Werther” na psicologia, quando a morte de, normalmente, uma figura pública, influencia outras pessoas a cometerem suicídio. Isso ocorreu, por exemplo, com a morte de Kurt Cobain.

Goethe se defendeu afirmando que a sua intenção jamais havia sido incentivar o suicídio em jovens. Assim, apesar da “maldição”, o livro seguiu sendo aclamado pela crítica e considerado uma obra prima da literatura romântica.

Read Previous

Casa Museu Eva Klabin | Oficina sobre palavras em português e Tupi-Guarani grátis

Read Next

Semana de Arte Moderna de 22: Conheça os artistas

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *