Pinturas do futuro da artista Sueca Hilma af Klint

Se eu te perguntar de quem é a primeira obra de arte abstrata feita, provavelmente você me responderá Vasili Kandinsky, certo? No entanto, cinco anos antes da tal primeira obra de Kandinsky, uma artista sueca já fazia pinturas abstratas. Apesar disso, suas linhas, cores e formas permaneceram desconhecidas até os anos 80.

Hilma af Klint nasceu em 1862 na Suécia. Filha de um militar que também era matemático e violonista amador, sempre teve acesso aos estudos. Da filosofia ao piano. Da pintura à religião. Assim, em 1882, entrou para a Academia de Belas Artes de Estocolmo, uma das poucas que aceitavam mulheres na época. Lá se dedicou ao desenho, ao retrato e à paisagem.

A realidade para além do mundo físico de Hilma

Porém, durante esse período, os estudos e as pesquisas sobre o espiritismo e o mundo eletromagnético estavam em fervorosa. Hilma e quatro amigas formaram, então, um grupo esotérico, o Friday Club. Durante os encontros, liam o Novo Testamento, realizavam orações, meditações e se comunicavam com os espíritos. Aliás, elas diziam se comunicar com seres chamados “Os Altos Mestres”.

Anos depois, Hilma teria recebido uma tarefa do espírito Amaliel. Esta consistia de 193 quadros que foram pintados de 1906 a 1915. Sobre a produção dessas obras, a artista escreveu em seu diário: “As imagens foram pintadas diretamente através de mim, sem desenhos preliminares e com muita força. Não tinha ideia do que as pinturas deveriam representar; no entanto, trabalhei com rapidez e segurança, sem mudar uma única pincelada”. Sendo assim, Hilma af Klint se convenceu de que a realidade que conhecia ia muito além do mundo físico e das formas com as quais estava habituada.

Dessa forma, suas produções passaram a contar com mais letras, linhas, espirais e formas geométricas. Também fazia muito uso do simbolismo: o U representava espírito e o W representava matéria, por exemplo. Além disso, uma caraterística muito marcante nas pinturas de Hilma era o dualismo: o masculino amarelo e o feminino azul, o macro e o microcosmos, o início e o fim do mundo. Seu objetivo era, portanto, revelar mensagens do mundo espiritual através da arte.

Galeria de pinturas da artista sueca

No entanto, durante a sua vida, Hilma não levou suas obras abstratas ao público. Além disso, deixou em testamento que os herdeiros não poderiam exibí-la antes de completar 20 anos de sua morte. Isso se devia ao fato de ela não achar que os contemporâneos estavam preparados para lidar com o que ela tinha a mostrar e os poucos que viram as obras não reagiram bem.

Hilma era uma mulher com idéias próprias, com um forte desejo, com uma boa educação, que seguiu seu próprio caminho. Não era fácil para ela neste ambiente dominado por homens, como era a Suécia e o Ocidente. Isso também se aplicava dentro da família, que era um pouco estrita ao estilo militar em sua visão. Naturalmente, Hilma foi aceita dentro da família, mas era um pouco como “o rato que o gato aceitou”. Além disso, a família ficou um pouco decepcionada com Hilma, que recebeu uma educação boa e sólida (5 anos na Academia Real de Artes da Suécia), mas que, de repente, começou a pintar de uma maneira que não se entendia e que ninguém podia ver!

Johan af Klint, filho de Hilme, em entrevista à Revista Caliban

Hilma faleceu em 1944 em um acidente e deixou mais de 1200 pinturas, 124 desenhos e 26 mil páginas manuscritas e datilografadas.

Fonte: Revista Caliban

Foto de capa: The Guardian

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