Centro Cultural São Paulo- Correios recebe o Grupo Isolativos e convida para uma conversa a curadora Camila Machiori
MEDOS COMPARTILHADOS
Com a queda no número de contaminações e óbitos por Covid-19 nos últimos meses no país,
reflexo direto do avanço global de vacinação, fez com que a OMS (Organização Mundial da
Saúde) comente sobre um possível fim do status de pandemia, mudando a sua classificação
para endemia. Mudar a classificação do vírus, de pandemia para endemia, significa que será
tratada como uma doença permanente.
Na prática, ações como obrigatoriedade do uso de máscaras e das medidas de restrições para
evitar aglomerações só voltariam em casos de surtos sazonais, como acontece com os demais
casos graves de gripe. A ideia de que algo ou alguma coisa possa ameaçar a segurança ou a vida
de alguém, faz com que o cérebro ative, involuntariamente, uma série de compostos químicos
que provocam reações que caracterizam o medo.
Medo é um estado emocional que surge perante uma situação de perigo, um estímulo
provocante de ansiedade e insegurança, que nos acompanhou nos últimos dois anos durante o
isolamento domiciliar, afetando diretamente a nossa percepção espacial e as dinâmicas de cada
pessoa e seu entorno. Dentro da ótica da psicologia, a casa representa o ser humano em seus
elementos mais fundamentais, abarcando todas os aspectos relacionais. A casa aqui abordada
cruza e embaralha as definições físicas e mentais, entre refúgio e confinamento, perante o
sentido do medo.
Partindo desse princípio, cada um dos nove integrantes do Grupo ISOLATIVO produziu e
ressignificou suas linhas de investigações, refletindo em suas obras, suas aflições particulares
decorrentes do período pandêmico para o atual. A exposição, Medos Compartilhados busca
justamente refletir e avaliar as questões internas geradas pelo estado de atenção e fadiga dos
últimos anos. A noção de casa se estende muito além de sua essência e seus limites físicos.
É justamente nesse espaço interior, além dos aspectos práticos de residir, o ato de habitar é
também um ato simbólico que, imperceptivelmente, organiza a percepção de mundo. Não
apenas nossos corpos e necessidades físicas, mas também nossas mentes, memórias, sonhos e
desejos são acomodados e habitados. Habitar é parte de nosso próprio ser, de nossa identidade
e autoimagem.
Essa exposição se concebe no encontro, dos diversos anseios individuais do grupo, criando uma
visão plural sobre um tema comum à todos. As obras que ocupam o espaço expositivo, acolhem
e dialogam com os aspectos da casa, do habitar e dos medos vivenciados, tanto quanto o estado
permanente de alerta perante as novas pandemias que possam surgir.
Assim como, o espaço expositivo se torna também um encontro de troca e partilha para avaliar
essas questões internas, as obras apresentadas acabam por refletir o íntimo da casa mental de
cada um dos membros do Grupo ISOLATIVO, extrovertendo os devaneios e as fobias geradas
durante o isolamento domiciliar. Do encontro, a possibilidade de refletir e redefinir os espaços
da mente.
texto: Camila Marchiori
Conversa dia 12/11, sábado, as 14h
Centro Cultural São Paulo- Correios, Praça Pedro Lessa; s/nº – Vale do Anhangabaú – ENTRADA GRATUITA
Visitação das 10h ás 14h.