CASA FIAT DE CULTURA APRESENTA REGISTROS DO DESAPARECIMENTO DA PAISAGEM BRASILEIRA EM NOVA MOSTRA DA PICCOLA GALLERIA

A imagética de um Brasil eternamente verde, tradicionalmente representada por artistas viajantes ao longo dos séculos, é totalmente invertida em “Serrapilheira”, exposição do artista Raul Real, em cartaz na Casa Fiat de Cultura de 3 de maio a 19 de junho. A mostra foi escolhida no 5º Programa de Seleção da Piccola Galleria e apresenta um conjunto de 27 fotografias em papel e em madeira. As obras registram imagens sobrepostas de árvores secas e solitárias, que se mantêm resilientes na natureza sofrida dos arredores de Miracema, no Rio de Janeiro, e a catalogação de mudas de espécimes sobreviventes, que ainda podem reflorestar o deserto naquela região fluminense. A abertura será realizada no dia 3 de maio, às 19h, em um bate-papo virtual ao vivo com o artista. As inscrições devem ser feitas online (https://bit.ly/BatePapoRaulLeal) e são gratuitas. A exposição poderá ser visitada presencialmente, na Casa Fiat de Cultura, e online, por meio de tour virtual e uma visita com mediação online e Libras.

Em “Serrapilheira”, Raul Leal explora diferentes experiências no registro da paisagem. A série de fotos “Ventania” apresenta uma região afetada pela cultura do café e extração da madeira. Algumas dessas áreas já foram locais de preservação, mas, hoje, passam por um processo de desertificação, onde é possível ver pura terra vermelha – um retrato da vulnerabilidade e das agressões sofridas ao longo dos anos. “As imagens são resquícios, desaparecimentos e registros melancólicos da devastação”, analisa Raul. Já na série “Rebento”, ele documenta o que seria a possibilidade de reconstrução dessa paisagem.  Cada obra faz parte de uma catalogação de mudas de árvores, plantadas pelo próprio artista nessas regiões de degradação. “A série acaba se tornando um registro afetivo de uma atitude de resistência que gera um pequeno movimento,  contrário ao ciclo da destruição”, destaca.

O nome da exposição faz referência à camada de material orgânico ou de decomposição, que se deposita no solo das florestas. A chamada serrapilheira é esse conjunto de folhas, frutos, lascas de troncos  e galhos que acabam formando uma espécie de tapete fértil na superfície, que pode ter composição variada, de acordo com o ecossistema em que está presente. Sua principal função é garantir o reaproveitamento de nutrientes na natureza, além de ter um importante papel geológico, em especial nas regiões chuvosas. Na mostra, Raul Leal traz, justamente, esse novo olhar sobre a paisagem da região em que vive: ao mesmo tempo em que apresenta a situação de desmatamento, com registros do que ainda ficou, ele promove uma ação de regeneração, ao tentar recompor esse cenário com mudas de novas plantas.

Para a crítica e curadora de arte Daniela Name, que assina um dos textos da exposição, há uma dicotomia entre as duas séries de fotografias apresentadas. Enquanto “Ventania” tem um olhar sobre as árvores resilientes que sobrevivem na região de Miracema, no estado do Rio de Janeiro,  “Rebento” mostra o caráter de artista viajante de Raul Leal. “Quando levamos em conta que a fotografia é um vestígio de ausências, de seres fantasmáticos, o que o artista parece propor, com a reunião desses inventários, é fazer uma serrapilheira a partir da latência das imagens e do recalque dos corpos vegetais”, comenta.

A exposição “Serrapilheira” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério do Turismo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Fiat, do Banco Safra e da Usiminas, e co-patrocínio do Grupo Colorado. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, do Governo de Minas e do Governo Federal, além do apoio cultural do Programa Amigos da Casa, da Brose do Brasil e do Instituto Usiminas.

Serrapilheira | Bate-papo online de abertura

Para abrir a exposição “Serrapilheira”, a Casa Fiat de Cultura realiza um bate-papo ao vivo, no dia 3 de maio, às 19h, com o artista Raul Leal. Com formação em pintura, ele tem se dedicado a registrar paisagens, animais e espécies vegetais que habitam áreas afetadas pelo desmatamento, especialmente em sua cidade natal, Miracema, no noroeste do Rio de Janeiro. A região experimentou os impactos da lavoura de café e da criação de pastos para a pecuária e hoje sofre com as enchentes, o aumento da temperatura e as queimadas.

No bate-papo, que será transmitido online, ele vai contar detalhes do processo seletivo, quais são as técnicas de desenvolvimento das obras e curiosidades sobre o trabalho, como a escolha dos locais onde faz a plantação das mudas representadas na série “Rebento”. O público poderá interagir com a artista, por meio do chat virtual. Algumas perguntas serão respondidas ao vivo. A inscrição deve ser feita online (https://bit.ly/BatePapoRaulLeal).

Sobre as obras de Serrapilheira

A mostra “Serrapilheira” é composta por 27 obras divididas em duas séries. Em “Ventania”, o artista apresenta três fotografias com impressão fine art sobre algodão. O trabalho é realizado por meio de manipulação digital, sobrepondo imagens diferentes até chegar ao resultado final. As fotos foram tiradas na Serra da Ventania, por isso o nome da série. Além da referência à paisagem, o título também representa a ideia de um vento forte que passa e leva embora o que estiver no caminho, em alusão ao desaparecimento da floresta local. “As imagens trazem diferentes planos, que mostram a transformação da paisagem preservada até ficar mais árida. É uma memória do próprio Brasil. No passado, tínhamos uma natureza exuberante, que agora está desaparecendo”, explica Raul.

Em “Rebento”, as 23 fotografias de 40 cm x 31 cm apresentam registros de mudas plantadas por Raul. Com técnica de monotipia, a impressão em madeira comum de compensado traz esse importante elemento das matas para a galeria. “A madeira utilizada não é da região, já que a extração é proibida”, esclarece o artista. “A série é uma coleção de imagens que acaba se tornando uma floresta. O conjunto funciona como um todo, quase uma instalação”, completa.

O artista: Raul Leal

Raul Leal, natural de Miracema – RJ, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage RJ, de 2005 a 2011, em cursos de pintura, desenho, história e teoria da arte, com João Magalhães, Daniel Senise, Suzana Queiroga, Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiaralle, entre outros. Frequentou o Grupo Alice sob orientação de Brígida Baltar e Pedro Varela em 2011 e 2012, o Grupo de Estudos com Ivair Reinaldim em 2012 e 2013, e o Grupo de Estudos sobre Arte Contemporânea com Daniela Name em 2014.

É especialista em gestão cultural pela Fundação Cecierj RJ. Residências no Parque Nacional de Itatiaia, na Universidade Federal do Espírito Santo e no Parque Nacional do Caparaó. Utiliza em sua produção artística os meios da pintura, desenho, fotografia, instalação e vídeo.

Piccola Galleria

O espaço é destinado a artistas da cena contemporânea e foi criado em 2016, com o intuito de incentivar a produção nacional e internacional. Os artistas são selecionados por uma comissão de especialistas, que, nesta 5ª edição, contou com o curador e crítico de arte, Marcus Lontra; a historiadora e professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, Rita Lage, e o artista e professor da Escola Guignard, Sebastião Miguel, que investiga a relação entre representação e subjetividade, por meio de suas obras.

A proposta é apresentar e destacar trabalhos inéditos – pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, fotografias, instalações, performances e/ou videoarte – de artistas locais, brasileiros ou estrangeiros. Além de Raul Leal, outros cinco artistas foram selecionados na 5ª edição, e as mostras serão exibidas no calendário de 2022 e 2023.

Nesta edição, o processo de seleção foi realizado de forma 100% online. Além de agilizar o processo de inscrição, o formato permitiu que pessoas de todo o Brasil participassem, somando 194 inscrições, de todas as regiões do país. A avaliação dos jurados também foi promovida por meio de encontro virtual.


As exposições selecionadas no 5º Programa de Seleção da Piccola Galleria são exibidas em um espaço da Casa Fiat de Cultura voltado ao incentivo permanente de expressões artísticas e terão ações do Programa Educativo, desenvolvidas em conjunto com a curadoria de cada mostra. Serão realizadas visitas mediadas para públicos agendados e espontâneos, além de ações especiais de comunicação em todos os canais da Casa Fiat de Cultura. A mediação é feita com recursos de acessibilidade, para ampliar o acesso do público e visibilidade dos artistas.

Nas quatro edições já realizadas, o Programa de Seleção da Piccola Galleria apresentou o trabalho de 22 artistas, abrigou mais de 300 obras e recebeu um público de mais de 300 mil pessoas. A sala expositiva é um ambiente dedicado às artes visuais e sua criação marcou os 10 anos da Casa Fiat de Cultura. Situada ao lado do painel “Civilização Mineira”, de Candido Portinari, no hall principal da Casa Fiat de Cultura, o pequeno recinto é destinado a exposições de curta duração, mas com toda a visibilidade que a instituição enseja. Local intimista e com grande circulação de público, conta com a chancela da Casa Fiat de Cultura e do Circuito Liberdade, um dos mais importantes corredores culturais do país.

A Casa Fiat de Cultura

A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural brasileiro, ao realizar prestigiadas exposições. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braille e atendimento em libras. Mais de 60 mostras, de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros. Há 16 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 3,5 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 580 mil participaram de suas atividades educativas. 

SERVIÇO

Exposição virtual “Serrapilheira”– Raul Leal na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura

3 de maio a 19 de junho
Visitação presencial
Terça a sexta-feira, das 10h às 19h
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Tour virtual no site: www.casafiatdecultura.com.br

Abertura da exposição virtual: Bate-papo ao vivo com Raul Leal
3 de maio, das 19h às 20h, em transmissão ao vivo
Ingressos gratuitos com inscrição online
https://bit.ly/BatePapoRaulLeal

Casa Fiat de Cultura

Circuito Liberdade

Praça da Liberdade, 10 – Funcionários – BH/MG
Horário de Funcionamento

Terça a sexta-feira, das 10h às 19h

Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h

Informações

(31) 3289-8900

www.casafiatdecultura.com.br

casafiat@fcagroup.com

facebook.com.br/casafiatdecultura

Instagram: @casafiatdecultura

Twitter: @casafiat

YouTube: Casa Fiat de Cultura

http://www.circuitoliberdade.mg.gov.br/

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