Desde 2014, o Carimbó é Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro, com registro no Livro das Formas de Expressão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Esse registro se deu a partir de pesquisas realizadas ao longo de cinco anos em regiões do Pará para compreender a relação dele com as comunidades locais. Logo, um dos fatores mais importantes para que ocorresse o registro foi o amplo envolvimento da população na manutenção dessa tradição.
O Carimbó consiste em de uma mistura entre dança e música que teve influência das culturas indígena, negra e europeia e que teve origem no século XVII. No entanto, ele vai muito além desses dois fatores. É, portanto, lugar de sociabilidade e lazer, espaço de celebrações religiosas e espirituais, referência artística e local de trabalho. Dessa forma, torna-se referência de identidade para os carimbozeiros, como chama-se os participantes.
As canções do Carimbó mesclam a musicalidade com elementos da natureza e práticas do dia a dia da comunidade. Logo, as danças, por exemplo, reproduzem movimentos realizados por pescadores ou agricultores das regiões. Ou, ainda, fazem referência às movimentações das marés e às posturas dos animais. É uma ode ao ambiente que ocupam.
Além disso, o instrumental, normalmente, consiste de dois carimbos (tambores), um instrumento de sopro, banjo, milheiros e maracas. No entanto, devido ao alcance da manifestação por diferentes locais, pode ter algumas diferenças, como a inclusão de triângulos, por exemplo. Os instrumentos, em especial o carimbo, são produzidos pelos próprios participantes e utilizados na demarcação do espaço onde se realizam as danças.
Foto de capa: Ray Nonato/Amazônia Jornal