Cadernos de Marc Ferrez no Instituto Moreira Salles

Marc Ferrez (1843-1923) foi um brilhante fotógrafo, “cronista visual”, das paisagens e cenas cotidianas do Rio de Janeiro durante os séculos XIX e XX. Nasceu no Rio de Janeiro, em 1843, filho de Zépherin Ferrez (1797 – 1851), escultor e gravador francês, e Alexandrine Caroline Chevalier. O fotógrafo se formou na Escola de Belas Artes de Paris e fez parte da Missão Artística Francesa. Nos anos que se seguiram, seu pai tornou-se um dos primeiros autores de medalhas comemorativas cunhadas no Brasil e um dos pioneiros nas indústria de fabricação de botões, de canos de ferro e de papel. Além disso, seu irmão foi catedrático de escultura da Academia Imperial de Belas Artes.

Após a morte dos pais, Marc foi para Paris. Lá, segundo seu neto Gilberto Ferrez, aprendeu fotografia com o engenheiro e botânico alemão Franz Keller (1835 – 1890), que trabalhou como fotógrafo no ateliê de Georges Leuzinger.

Dentre suas produções iconográficas, destacam-se as paisagens naturais cariocas. Além disso, foi o único fotógrafo do século XIX a percorrer e registrar todas as regiões do país. Assim, tornou-se um dos grandes responsáveis pela divulgação da imagem brasileira no exterior na época.

Sua carreira se consolidou com a inauguração do estúdio “Marc Ferrez & Cia”, em 1867, na Rua São José, no centro da cidade. Nos anos que se seguiram, foi responsável, por exemplo, pela documentação fotográfica das obras de abastecimento de água no Rio de Janeiro. Este trabalho, aliás, resultou em oito álbuns, sendo três dados a D. Pedro II no seu último regime imperial e três presenteados ao engenheiro Francisco de Paula Bicalho.

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Obras do abastecimento d’água do Rio de Janeiro : encanamento geral : Ponte de Guimbú, 1877 – 1882. Rio de Janeiro, RJ / Acervo FBN

Cadernos de Marc Ferrez no IMS e no AN

O Intituto Moreira Salles (IMS) tem em seu acervo, desde 1998, a Coleção Gilberto Ferrez. Esta consiste na maior coleção de fotografias e negativos de vidro de Marc Ferrez. Além disso, conta também com coleções de negativos produzidos por Júlio Ferrez, filho de Marc, e pelo próprio Gilberto. Por outro lado, o Arquivo Nacional (AN) recebeu, em 2007, a doação do arquivo da família Ferrez, que consiste de álbuns, fotografias, correspondências e documentos.

Sendo assim, o Instituto Moreira Salles e o Arquivo Nacional se reuniram e desenvoveram o projeto “Cadernos de Marc Ferrez”. Assim, os documentos que abrangem cerca de um século e meio e três gerações de uma família foram digitalizados e disponibilizados online. São, ao todo, nove cadernos e um catálogo.

É, portanto, uma fonte não só das técnicas e procedimentos que o artista usava, como também um registro histórico. Sendo assim, Illeana Ceron, editora do IMS, pontuou: “Embora nos cadernos predominem os enfoques profissionais, eles também descortinam muitos outros assuntos, como os referentes ao mundo dos afetos e às relações econômicas e de classe social. Esse entrelaçamento entre as múltiplas camadas de informação identificadas nos cadernos, como os aspectos técnicos, comerciais, sociais e familiares, por exemplo, poderá tanto agregar novas tonalidades à já conhecida figura de Marc Ferrez quanto sugerir novas trilhas para os estudos sobre a fotografia e o ofício do fotógrafo.”

Apenas dois dos cadernos possuem data. É o caso, portanto, de “Máquinas e acessórios para fotografia”, de 1905, e da “Agenda Pathé Frères”, de 1918. No entanto, foi possível identificar a data aproximada dos demais através dos carimbos e de anotações.

Os cadernos estão tendo lançamento em quatro etapas, bimensalmente, até maio deste ano. Para ter acesso aos Cadernos de Marc Ferrez já disponíveis ou para ter mais informações, é só acessar o link.

Agenda Pathé Frères, 1918, p. 114. Marc Ferrez. Arquivo Nacional, Fundo Família Ferrez.

Foto de Capa: Biblioteca Nacional

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