A conceituação do termo arte, percorre um labirinto de percepções, suposições, contextos, sociedades e uma segregação de pensamentos, tanto de teóricos da área, quanto de quem indaga a si mesmo e busca compreender sua origem, forma e funcionalidade no mundo. Todas as controvérsias e concepções coletivas, derivam-se da interdisciplinaridade que permeia as discussões e da complexidade do entendimento comum no que se refere ao tema, por meio das diversas opiniões subjacentes e da influência que causa no corpo social.
Alguns autores, defendem certas perspectivas de estudos que se contrapõem de maneiras distintas, ao fazerem suas contribuições acerca dos conceitos, contudo, suas abordagens se integram. De acordo com Jorge Coli, a arte tem total autonomia para seguir direções e ganhar significações a partir da relação de qualquer indivíduo com o absoluto.
Já Marcel Duchamp, rompe um paradigma do que se definia como verdadeiramente arte ou não. Na ocasião, Duchamp assinou em um mictório e o expôs, objeto que sua função primária seria para as necessidades físicas, e assim, com essa movimentação; deu lugar para questionamentos a respeito das compressões individuais.
Noeli Ramme, cita em seu texto É possível definir Arte? que, para Danto “a Transfiguração do Lugar-comum, que o que o artista expressa é uma visão de mundo, mas não apenas uma visão pessoal, e sim a visão de uma época”. Ou seja, há limitações no pensar arte nesta condição, pois, o que é produzido naquela certa temporalidade, a partir de comportamentos, técnicas e valores, permite reconhecer um trabalho como sendo de um determinado artista ou período.
Podemos perceber que na área de Antropologia, a arte é entendida de forma genérica como o patrimônio estético, tanto o imaterial quanto o material de uma sociedade. CAMPOS e col. (2012) citaram que, os antropólogos encontram na experiência estética e na submersão sensorial que os diferentes processos artísticos proporcionam, formas inovadoras e contra-hegemónicas de questionar os mecanismos de produção de conhecimento sobre o mundo que nos rodeia. Neste ponto, se faz necessário falar sobre o processo da artificação, como bem articularam as sociólogas, Shapiro e Heinich, no artigo “When is artification?”, seria um efeito que ocorre por meio da mudança social, essa mesma que altera e ressignifica o que não era arte em outros contextos e oportuniza o surgimento de novas artes diagonais.
Para concluir esta reflexão, e na tentativa de comparar o que é arte e o que não é arte, estendo todo o debate para o processo da desartificação, acentuando sobre a jardinagem como arte. Ao longo da História os jardins sempre estiveram presentes como testemunha do momento cultural, das riquezas e da religiosidade dos povos, no entanto, a beleza deste trabalho ocupava terras de possíveis plantios e lugares que podiam se tornar moradias. Com o passar do tempo quanto mais popular e democrática a arte se estabelece, notamos que esse tipo de arte não é inclusiva em geral, e me faz questionar em particular, se não podemos separar o que é e o que não é, somente pela percepção do que mudaria em nossa sociedade para igualar direitos e o desenvolvimento.