Por Fredi Jon
O presente é um hóspede inquieto. Ele chega sem bater, espalha pressa pelos cantos, derrama luzes artificiais e sai correndo antes mesmo de aprender nosso nome. Não deixa cheiro, não deixa sombra, não deixa eco. É como uma gota de chuva no vidro: escorre rápido demais para ser guardada.
O passado, ao contrário, é lento. Ele não tem medo do silêncio. Senta-se à mesa, aceita o café, escuta o tique-taque do relógio e se demora. O passado não tem pressa de ir embora, por isso permanece. Quando seguramos um ingresso antigo, um brinquedo gasto ou ouvimos uma propaganda da infância, não estamos apenas lembrando: estamos pousando a mão sobre um tempo que ainda pulsa dentro de nós.

O presente, em sua vertigem descartável, parece querer nos treinar para o esquecimento. Vive de instantes embalados a vácuo, consumidos antes mesmo de amadurecerem. É a pressa do “modo stories”: pisca, distrai, desaparece. Não deixa raiz. Não cria casa.
E é nesse deserto do instante que a música, e sobretudo a serenata, surge como um oásis. A serenata não pode ser acelerada, não cabe em playlists que pulamos distraídos. Ela exige presença. É uma chama acesa no agora, mas já com vocação de eternidade. Seus erros, sua ousadia, seus risos nervosos: tudo nela é humano demais para ser esquecido.
Talvez seja esse o segredo: precisamos de presentes que recusem ser efêmeros, que se arrisquem a durar. A memória não se alimenta de velocidade, mas de densidade. E a serenata, seja na janela, no hospital ou até dentro de um escritório, lembra que a vida só encontra sentido quando se deixa viver em profundidade.

Porque, no fim, não são as conquistas grandiosas nem os objetos de última geração que permanecem. O que atravessa o tempo são pequenos instantes que ousaram ter alma: o olhar demorado, o abraço inesperado, a música cantada na noite fria.
E quando tudo o mais se apagar, será essa imperfeição humana, desafinada, mas verdadeira , que continuará ecoando, como se o tempo, por misericórdia, tivesse decidido guardar aquilo que não coube no descarte.
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