Memórias dos povos indígenas são tema da programação gratuita do Museu da Pessoa durante a Primavera dos Museus 

A programação inclui lançamento de podcast, de documentários e de livro realizados a partir de histórias de vidas de pessoas indígenas brasileiras, além de mesas redondas.

Entre os dias 20 e 22 de setembro, o Museu da Pessoa, museu virtual e colaborativo de histórias de vida, promove uma série de eventos online e gratuitos durante a programação da Primavera dos Museus. Intitulada “Memórias ancestrais”, a programação destaca ações desenvolvidas em prol da valorização das histórias de vida dos povos indígenas brasileiros. 

A programação “Memórias ancestrais” inclui duas mesas redondas e lançamentos de diversos produtos desenvolvidos conjuntamente pelo Museu da Pessoa e pelos povos indígenas. A proposta dos eventos é consolidar e dar visibilidade aos esforços mútuos de garantir a preservação e a disseminação das histórias dos povos indígenas. 

Confira abaixo mais detalhes sobre a programação de cada dia de evento:

Quarta-feira (20) – Mesas redondas com participação de representantes indígenas

No dia 20 de setembro, a programação do evento abrigará discussões sobre o potencial do registro e da disseminação das histórias de vida de povos indígenas. Os diálogos, que serão transmitidos ao vivo no canal do Youtube do Museu da Pessoa, contarão com representantes indígenas e com membros do Museu da Pessoa.

A primeira mesa começará às 10h e será dedicada ao compartilhamento de experiências de registro e disseminação da memória realizadas por jovens indígenas. Ao longo dessa conversa, serão abordados tópicos como a preservação da memória dos anciãos, o estreitamento do elo entre gerações e a valorização de saberes e fazeres da cultura indígena. 

Já às 14h, o tema em debate será a criação de Florestas das Histórias, encabeçada pelos participantes dos projetos, e a musealização das histórias de vida de anciãos, registradas e disseminadas pelos jovens indígenas por meio da Tecnologia Social da Memória, desenvolvida pelo Museu da Pessoa.

Quinta e sexta-feiras (21 e 22) – Lançamentos de produtos culturais

Nos dois dias seguintes, o Museu lançará, em suas redes sociais, uma série de produtos culturais desenvolvidos a partir das histórias de vida registradas pelos Guardiões da Memória – jovens e lideranças indígenas sensibilizados e mobilizados para o valor das histórias de vida e para o valor de sua própria cultura. 

Podcast

O podcast “Guardiões da Memória do Rio Negro” apresenta, em primeira pessoa, trechos de histórias de vida e narrativas contadas por anciões e pessoas indígenas da região do Rio Negro, no Amazonas. 

Em duas séries inaugurais, com cinco episódios cada, traz histórias registradas nas regiões de Iauaretê e no Médio Rio Negro, no âmbito do projeto Memória, Território e Patrimônios Imateriais do Rio Negro, desenvolvido em parceria entre o Museu da Pessoa, a FOIRN-Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro e organizações indígenas locais dos dois territórios. No dia 21 de setembro, será lançado o primeiro episódio da série.

As séries foram idealizadas e produzidas pelos Guardiões da Memória, em parceria com a Rede Wayuri de Comunicação Indígena do Rio Negro e apoio do Museu da Pessoa, a partir do registro das histórias de vida dos detentores dos patrimônios imateriais do Rio Negro: o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro e a Cachoeira das Onças, em Iauaretê.   

Documentários

Ao todo, serão lançados nos dois dias de programação seis documentários que retratam as trajetórias individuais e coletivas vividas pelos indígenas em seus territórios. Os filmes foram produzido por jovens e lideranças indígenas após o desenvolvimento da Tecnologia Social da Memória do Museu da Pessoa e de técnicas de audiovisual no âmbito de dois projetos executados em territórios indígenas no Maranhão e no Rio Negro/AM. Confira abaixo os títulos que serão lançados:

  • “Memória Viva” – realizado pelo povo Guajajara na Terra Indígena Caru (MA)
  • “A resistência de um povo” – realizado pelo povo Guajajara na Terra Indígena Pindaré  (MA)
  • “Tamû’i ta ukwa há ke muje sak ta / Os sábios contadores de história Ka’apor” – realizado pelo povo Ka’apor na Terra Indígena Alto Turiaçu (MA)
  • “Awa: resistir para existir” – realizado pelo povo Awá Guajá na Terra Indígena Alto Turiaçu (MA)
  • “Um rio de raízes e memórias” – realizado pelos povos Baré, Tukano, Baniwa, Desana e Piratapuia na região do Médio Rio Negro, Terras Indígenas Médio Rio Negro II, Rio Tea e Jurubaxi-Tea (AM)
  • “Yaiwa Poewa ehõpeose hihti wererã / Narradores sagrados da Cachoeira das Onças” – realizado pelos povos Tariano, Tukano, Desana, Piratapuia, Kotiria, Kubeo, Tuyuka e Hupdah em Iauaretê, Terra Indígena Alto Rio Negro (AM)

Livro

O livro “Um rio de Raízes e Memórias: o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro e suas histórias de vida” é resultado das ações desenvolvidas na região do Médio Rio Negro no âmbito do projeto “Memória, Território e Patrimônios Imateriais do Rio Negro”, executado pelo Museu da Pessoa em parceria com organizações e comunidades indígenas locais, representadas pela FOIRN – Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro.

A obra foi elaborada de forma colaborativa com jovens e lideranças indígenas que participaram do projeto e traz trechos das histórias de vida por eles registradas junto a seus avôs e avós, mães e pais, tios, tias e outros parentes que em suas trajetórias e vivências cotidianas dão vida e significado ao Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, reconhecido pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 2010. 

Coleção virtual de histórias de vida 

Apresentação do acervo do Museu da Pessoa na plataforma Brasiliana Museus, recém-lançada pelo Ibram. Nela, estão disponíveis de forma gratuita e digital mais de 250 histórias de 72 povos indígenas brasileiros. O material totaliza 16.743 minutos de histórias de vida.

Para a responsável pelas relações institucionais e governamentais do Museu da Pessoa Rosana Miziara, abordar o tema “Memórias Ancestrais” é uma escolha estratégica para contribuir com a demarcação das memórias indígenas. “Através do trabalho realizado pelo Museu da Pessoa com jovens indígenas a partir das histórias dos seus povos, que serão apresentadas na Primavera dos Museus, nós pretendemos contribuir com o protagonismo dos povos indígenas no registro de suas memórias e garantir cada vez mais a presença dessas memórias nos museus”, ressalta.

Museu da Pessoa tem contribuído para o registro e preservação de histórias e memórias dos povos indígenas

Fundado em 1991, o Museu da Pessoa é um museu virtual e colaborativo de histórias de vida que tem como uma de suas linhas de atuação o programa “Vidas Indígenas”. Essa iniciativa integra uma série de projetos de registro e de preservação de memórias de povos indígenas que habitam o Brasil. 

Em um contexto no qual, nos últimos cinco séculos, os povos indígenas que habitam o território brasileiro foram vítimas de genocídio, etnocídio e epistemicídio, ainda há ameaças às suas existências. Diante disso, e reconhecendo o papel dos anciãos e da oralidade na passagem das histórias que formam a identidade dos povos de geração a geração, o programa “Vidas Indígenas” compartilhou com jovens indígenas a metodologia de entrevistas de história de vida do Museu da Pessoa, contida na “Tecnologia Social da Memória”. 

A partir desse processo, os indígenas passaram a registrar e a disseminar as histórias de vida das pessoas mais velhas de suas aldeias por meio de diversos produtos culturais. Essas iniciativas, além de garantirem a preservação das histórias indígenas, fomentam a conexão intergeracional e o sentimento de pertencimento nas comunidades em que foram realizadas. Vitor Guajajara Nascimento, um dos participantes do programa, ressaltou o importante papel da ação para o seu povo: “Dar valor a vida de cada árvore, cada pessoa e de suas histórias”.

Depois de um processo de desenvolvimento da Tecnologia Social da Memória e de técnicas do audiovisual com o Museu da Pessoa constituem-se como Guardiões da Memória. Sentindo-se reconhecidos como agentes de transformação e de preservação das memórias de seu povo, têm o objetivo de dar continuidade e ampliar as ações construídas ao longo do projeto, na perspectiva de formação de uma grande rede.

O programa “Vidas indígenas” contribui para transformar histórias de vida em patrimônio de toda a humanidade e incentivando a escuta, protagonismo, colaboração, justiça social e democratização da memória. Assim, se alinha à missão, visão e valores do Museu da Pessoa.

A programação “Memórias Ancestrais” é baseada nas produções do programa “Vidas Indígenas”, uma realização do Museu da Pessoa e do Ministério da Cultura com patrocínio do Instituto Cultural Vale e apoio da Embaixada da Noruega. As ações ainda contam com a parceria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), do Instituto de Políticas Relacionais e do Armazém Memória.

SERVIÇO

“Memórias ancestrais” | Museu da Pessoa na Primavera dos Museus

Dia 20/09 – Quarta-feira

Das 10h às 12h – Mesa redonda

Memórias ancestrais: Experiências de formação realizadas com indígenas que, preservando a memória de seus anciãos, estreitaram o elo entre gerações e valorizaram saberes e fazeres de sua cultura.

Local: Online, no canal de Youtube do Museu

Das 14h às 16h – Mesa redonda

Memórias ancestrais: Floresta de Histórias e a musealização das histórias de vida de anciãos, registradas e disseminadas pelos jovens indígenas, por meio da Tecnologia Social da Memória.

Local: Online, no canal de Youtube do Museu

Dias 21 e 22/09 – Quinta e sexta-feira

Ao longo do dia – Lançamento

Memórias ancestrais: Lançamento de livro, documentários e outros produtos digitais exclusivos desenvolvidos pelos povos indígenas a partir da coleta de histórias de vida.

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