Sob a luz de Alberti (2004), ao afirmar que a História oral possibilita recuperar os fatos conforme relatos concebidos por quem viveu, reportei-me ao senhor José Matias Pinheiro, que participou da primeira missa em homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó realizada em 18 de julho de 1971 em Lajes Serrita/PE, ele relata:
Lá tinha uma cruz dentro do mato, só tinha um limpo aberto, o resto tudo era mato, aí lá botaram uma mesa de mais ou menos dois metros de altura, as pernas dela. Era o altar, para celebrar a missa. Eles fizeram tipo um amarrado com madeira que era onde os organizadores ficavam. O ajuntamento era na casa de Joaquim Luiz, ele era o dono da propriedade na época da primeira missa, era a casa mais próxima que tinha do local da cruz, há aproximadamente cinquenta metros de distancia. Foi lá que Luiz Gonzaga cantou depois que terminou a missa. Mas foi todo mundo pra lá, no local que tinha a cruz, era uma cruz de madeira, colocaram nela um chapéu de couro. Num tinha nada de novidade porque era a primeira missa, os reportes eram poucos.
É perceptível que a realização da missa se concretizou no ideal do padre João Câncio, destacando a colaboração de Luiz Gonzaga, a participação dos irmãos poetas Pedro e João Bandeira, de Joaquim Luiz proprietário das terras na época da primeira missa, os vaqueiros das proximidades e várias outras pessoas que de certa maneira contribuíram para a realização da mesma e cujos nomes não foram divulgados.
Desse modo, a realização da missa foi em meio à vegetação da caatinga, no espaço onde se encontra à cruz, identificando o local em que foi encontrado o corpo de Raimundo Jacó supostamente assassinado em 1954. O sítio Lajes está localizado no (Sertão do Araripe) há 586 quilômetros de distância até a capital Recife.
José Matias Pinheiro. Tem 85 anos, é agricultor aposentado, nasceu e reside no sítio Mameluco. Entrevista concedida a Cícera Luziana de Morais Pinheiro, em: 24 de abril de 2016.
Este texto não reflete necessariamente a opinião do Click Museus.
One Comment
Sou Geraldo Valério, poeta cordelista, declamador e produtor cultural, fundador e coordenador do grupo cultural Resgate Popular, onde apresento o recital musical de cordel, declamando e decantando Luiz Gonzaga. Estou concluindo o livro, Relembrando padre João e Relendo Pedro Bandeira, pretendo lançar em julho na missa do vaqueiro 2023 em Serrita.
Abraços.
Geraldo Valério