MariAntonia participa da Semana Luiz Gama

Centro MariAntonia da USP promove, de 22 a 26 de agosto, a Semana Luiz Gama. A programação é uma realização conjunta com o Instituto Tebas, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Slam da Guilhermina, Cia Um Brasil de Teatro e Artes, Coletivo Um Brasil de Mulheres, Espaço Plínio Marcos, Movimento Negro Unificado (MNU) e Escola Técnica Estadual (ETEC) Prof. Aprígio Gonzaga. 

A semana inclui debates abertos ao público e uma caminhada, que ocorre tradicionalmente todos os anos desde a morte de Luiz Gama, em 1822. Naquele ano, o funeral, que aconteceu em 24 e 25 de agosto, contou com a participação de 10% da população paulistana. O cortejo fúnebre foi feito a pé, do Brás, onde ele morava, até o Cemitério da Consolação.

Em novembro de 2021, a Universidade de São Paulo outorgou o título de Doutor Honoris Causa póstumo a Luiz Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882).

Os debates tem o objetivo de destacar e discutir as várias dimensões deste intelectual, que aprendeu a ler tardiamente e ainda assim destacou-se como escritor, advogado e jornalista. Para o encerramento da Semana, está programada uma sessão de cinema. A participação é gratuita e aberta a todos os interessados, sem necessidade de inscrição prévia:

Semana Luiz Gama

22 de agosto (segunda-feira) – 19 horas

Luiz Gama Escritor

Debate no Centro MariAntonia da USP

Rua Maria Antônia, 294, Vila Buarque

23 de agosto (terça-feira) – 19 horas

Luiz Gama: a importância da advocacia na luta pela liberdade

Debate na Escola Técnica Estadual (ETEC) Prof. Aprígio Gonzaga

Avenida Orêncio Vidigal, 212, Penha

24 de agosto (quarta-feira) – 18 horas

Caminhada Luiz Gama Imortal

Ponto de encontro: Cemitério da Consolação às 18 horas

Itinerário: ruas da Consolação, Maria Antônia (Centro MariAntonia da USP) e Rego Freitas (Sindicato dos Jornalistas, nº 530), com paradas nessas instituições
Encerramento: sarau no Largo do Arouche das 20h30 às 22h30

25 de agosto (quinta-feira) – 18 horas

Luiz Gama: de escravo a advogado abolicionista 

Debate no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Praça da Sé, 385, Sé

26 de agosto (sexta-feira) – 19 horas

Doutor Gama: o filme, de Jefferson De

Debate após a exibição, no Centro MariAntonia da USP (Sala Carlos Reichenbach) – Rua Maria Antônia, 294/ 294, Vila Buarque

O significado da caminhada

A Semana Luiz Gama ressalta as três principais dimensões da sua existência – a literatura, o jornalismo e a advocacia –, além de marcar o significado concreto e simbólico da caminhada na sua trajetória, seja ao longo dos seus 52 anos de existência física, seja diante do seu legado histórico. “A caminhada está presente na vida de Luiz Gama desde o momento em que foi escravizado, ainda menino”, diz o jornalista e escritor Abilio Ferreira, um dos organizadores da Semana Luiz Gama, referindo-se ao percurso que ele fez aos 10 anos de idade (1840), quando subiu a pé a Serra do Mar rumo a São Paulo, vendido ilegalmente pelo próprio pai em Salvador (BA), e trazido de navio até o litoral sul paulista.

O letramento como chave para a liberdade

Alfabetizado aos 17 anos, Luiz Gama encontrou no letramento a chave para a liberdade. Provou a ilegalidade não só da própria escravização, mas, já como advogado provisionado, de centenas de outras pessoas negras no Brasil escravocrata. Em 1859, apenas 12 anos depois de aprender as primeiras letras, já lançava o livro de poemas Primeiras trovas burlescas de Getulino, um clássico em que se levanta a primeira voz assumidamente negra masculina da literatura brasileira .

Patrimônio cultural

A Caminhada de Luiz Gama é realizada desde o cortejo fúnebre ocorrido em 25 de agosto de 1882, dia seguinte ao seu falecimento. Na ocasião, dezenas de pessoas que iniciaram o seu funeral decidiram realizar o cortejo a pé, do Brás, onde ele morava, até o Cemitério da Consolação, para dar oportunidade a todas de se revezar às alças do caixão. Até o fim do percurso, cerca de quatro mil pessoas (cerca de 10% da população paulistana de então) acompanharam o cortejo. Este ano a caminhada começa no Cemitério da Consolação, no túmulo de Luiz Gama (Quadra 04, Rua 12, Jazigo 17), às 18h, passa pelo Centro MariAntonia, pelo Sindicado dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, na Rua Rego Freitas, e se encerra com um sarau a partir das 20:30 no Largo do Arouche, onde fica o busto de Luiz Gama, instalado ali em homenagem ao centenário de seu nascimento, ocorrido em 1830. Vem daí a tradição de caminhar entre o Largo do Arouche e o Cemitério, do Cemitério ao Largo do Arouche. 

O ativismo pelo reconhecimento, preservação e valorização desse patrimônio cultural da população brasileira vem colecionando conquistas nos últimos anos: Gama foi oficialmente reconhecido como advogado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em 2015, e como jornalista pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, em 2018, tendo sido também homenageado com  Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos em 2020; foi nomeado no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria do governo federal, em 2018, e em 2021 reconhecido como intelectual, ao ser o primeiro brasileiro negro a receber o título de doutor honoris causa da Universidade de São Paulo (USP). A organização da Semana Luiz Gama tem natureza coletiva e conta com a colaboração e um grupo diversificado de pessoas e instituições.

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