Por Fredi Jon
O Dia das Mães chega como um raio de sol numa manhã fria. Quente para muitos, gelado para alguns.
É um daqueles dias que parecem querer arrancar da gente um sorriso, mesmo quando o peito só sabe dar suspiros. Para quem ainda tem sua mãe por perto, é dia de abraço apertado, de gratidão dita em voz alta, de olhos marejados por amor. Mas, para quem já perdeu a mãe, e são tantos de nós, o Dia das Mães chega como quem pisa em terreno sagrado: cheio de lembranças, cheio de ausência.
Você que, como eu, não tem mais a quem entregar flores ou dedicar um “eu te amo” com cheiro de café da manhã… talvez hoje acorde com o peito meio torto. Talvez sinta que está fora de lugar, como se o mundo estivesse todo reunido numa grande festa à qual você não foi convidado. Mas é só que a sua festa agora acontece em silêncio. E silêncio também é forma de amor.

A saudade que sentimos não é fraca nem covarde. É a prova de que o amor segue vivo, mesmo quando a pessoa amada já não está. E isso, por mais doloroso que seja, é também um milagre. Porque o amor que permanece, mesmo sem presença, é o mais fiel que existe.
Pra quem não me conhece, sou seresteiro.
Há30 anos canto nas janelas das mães alheias. Levando música, versos, flores e lágrimas boas para quem ainda pode apertar a mão que embala, o colo que cura, a voz que abençoa. Mas, desde 2008, essa data começou a doer diferente para mim. Porque a mulher para quem eu mais queria cantar… já não pode mais me ouvir, pelo menos com os ouvidos da terra.
No primeiro Dia das Mães sem ela, foi muito difícil. As escolas, as casas e as empresas que festejavam a data contavam com o nosso recado e com a nossa alegria, e onde buscá-la? Talvez no teatro da interpretação? Foi exatamente no momento em que eu ia entrar numa serenata, no dia 2 de novembro de 2008, que recebi uma ligação do hospital falando da sua partida. E agora, o que fazer? Teríamos de entrar em cena e fazer a serenata. E foi nesse momento que usei todas as minhas habilidades de abstração para poder fazer a serenata e seguir para casa.

O chão se abre. E, de certa forma, foi isso mesmo que aconteceu. Porque mãe é morada, é abrigo. Quando ela vai embora, muito da gente parece ir junto…
Hoje, no Dia das Mães, eu ainda faço serenatas.
Sim, ainda levo minha voz às janelas. Ainda dedico canções, ainda entrego flores. E talvez você pense: “Como consegue?” E eu te respondo com o que aprendi na dor: que a melhor maneira de honrar uma mãe que se foi… é fazer outra mãe sorrir.
A cada canção que eu canto para uma senhora de cabelos brancos, vejo o reflexo dela. A cada lágrima que escorre num rosto emocionado, eu sinto que parte do colo que perdi se reaproxima.
Não é substituição. Nunca será. É continuidade.

A minha serenata hoje é feita com saudade, mas também com gratidão. É feita com o que restou… e com o que floresceu.
Porque o amor de mãe, mesmo ausente, ensina a cuidar.
E cuidar dos outros, nesse dia, é a forma mais bonita que encontrei de ainda estar com ela.
Se você também sente falta hoje, não se esconda.
Cante com o coração, mesmo que só em pensamento.
Porque onde há amor, ainda há caminho.
E onde há caminho, há reencontro.
E a cada dia que passa estou mais perto dela e enquanto isso …eu canto para outras janelas.
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