LGBQIAPN+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais, Panssexuais, Não Binários e mais) é uma sigla que representa a diversidade de orientação sexual e identidade de gênero. A importância dessa sigla está em dar visibilidade e reconhecimento a pessoas que por muito tempo foram marginalizadas e invisibilizadas na sociedade. Ao incluir todas essas orientações e identidades, se reconhece a complexidade e diversidade dos seres humanos e permite que as pessoas identificadas com essas orientações e identidades sejam respeitadas e valorizadas.
Além disso, a inclusão da comunidade em todos os debates e esferas sociais e políticas é essencial, para garantir que todas as identidades queer recebam atenção e defesa sob as leis e políticas que protegem os direitos das pessoas LGBTQIAPN+. E, nessa perspectiva, equipamentos culturais como os Museus não podem estar alheios a tal demanda social. Eles devem ser um espaço de socialização e debate para todos, todas e todes.
As unidades museais desempenham um papel importante na sociedade, pois são responsáveis por preservar e comunicar a história, cultura e o patrimônio da sociedade. No entanto, essa inclusão está ocorrendo aos poucos por meio de debates e ações afirmativas desses grupos. Como resultado dessas ações ao longo dos anos foram criados museus sobre essas comunidades e temáticas relacionadas a elas, isso atribuiu uma marca bastante significativa na história.
Nessa linha de pensamento, surgiram vários museus no Brasil contribuindo para a cultura desses grupos. A cidade de São Paulo, atualmente, é onde se encontram mais museus valorizando a comunidade, como o Museu da Diversidade e o Museu da Pessoa, que são exemplos mais “tradicionais”. Incluir o grupo LGBQIAPN+ nos museus significa trazer para a luz as obras de arte, objetos e histórias que foram negligenciadas ou apagadas pela história predominante.
Isso também significa criar espaços e programas que permitam a participação ativa do grupo, bem como a representação justa de suas histórias. O Seridó não apresenta ainda qualquer presença museal que valorize as temáticas LGBTQIAPN+. Porém, nenhuma instituição museal deve estar alheia à importância de ser um espaço de inclusão, educação e difusão cultural que valorize e fortaleça a cidadania e a democracia. O Museu do Seridó, enquanto museu de região, tem a missão de “pesquisar, preservar e comunicar as identidades culturais do Seridó potiguar, de modo a fomentar o desenvolvimento científico, educacional, artístico, social e turístico da região, promovendo a formação e reflexão crítica de forma a contribuir para o desenvolvimento humano, comprometendo-se com a justiça social, a sustentabilidade socioambiental, a democracia e a cidadania”. Enquanto agente de mudança, as unidades museais precisam reconhecer a importância da comunidade enquanto entes que potencializam e dinamizam a cultura, estando aberta ao debate e às temáticas sociais da área em questão.
O Seridó é um celeiro cultural e é uma região diversa. Ainda há um longo caminho para que as temáticas LGBTQIAPN+ sejam valorizadas e incluídas em suas manifestações. Mas, temos que concordar que estão sendo feitas atuações. Para citar, temos duas atividades culturais importantes na cidade de Caicó. Elas ocorrem no início do ano e estão conectadas a um dos maiores festejos da região que é o Carnaval da cidade.
A iniciativa mais antiga é a do bloco carnavalesco Doce Veneno que, há mais de três décadas, se encontra ativamente participando dos carnavais e trazendo visibilidade para a comunidade. Além disso, há passeios diários para manter a organização do bloco vivo, mostrando que existe uma amizade fora dos eventos tradicionais, isso se torna bastante importante para comunidade crescer em conjunto com a sociedade. Já outra ação mais recente, realizada no ano de 2023, é o evento Mais Bloquinho, focado na valorização LGBTQIAPN+. Ele é capitaneado pela produtora cultural Hyllka e ocorre como uma ação pré-carnaval na cidade de Caicó, numa região central e bastante conhecida no município. Ademais, o Mais Bloquinho contrata artistas regionais para valorização da cultura regional, atraindo diversos grupos para conhecer a cidade e se aproximar da comunidade, o que afeta positivamente o desenvolvimento local.
Essas são mostras que sinalizam para um futuro de potência para a afirmação e orgulho da comunidade. E, enquanto única unidade museal e universitária, o Museu do Seridó pode e deve ser um lugar de visibilidade e apoio à comunidade, manifestando o orgulho de estar acolhendo e difundindo cultura, educação e estimulando a importância da diversidade em nossa região seridoense.
Autoria do texto: Uemerson Jardel da Silva
Revisão: Vanessa Spinosa
Autoria da arte: Thaísia Kaline Alves de Queiroz