As bonecas Karajá se tornaram Patrimônio Imaterial reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2012. No entanto, já faziam parte da identidade cultural desse povo há séculos. Com uma população de cerca de três mil pessoas, os Iný, como se autointitulam os Karajá, ocupam a região de Goiás e Tocantis divididos em vinte aldeias.
As bonecas (chamadas Ritxòkò no dialeto feminino iný) são feitas em cerâmica. Além disso, recebem decorações com elementos mitológicos, rituais, cotidianos e também da fauna local. Dessa forma, são essenciais na educação das crianças Karajá. Isso se deve ao fato de que representam não só um saber tradicional técnico, como também são suporte das práticas culturais. Aliás, as meninas Karajá costumam receber um conjunto de bonecas, a que se dá o nome de “família”. Assim, cada uma das bonecas dessa “família” recebe características de uma fase pela qual elas vão passar.
A pintura e as decorações que aplicam nas bonecas são semelhantes às que os próprios Karajá usam. Sendo assim, é possível identificar através dos elementos de cada boneca a qual gênero, idade e estatuto social fazem referência. Ou seja, as convenções sociais desse povo se imprimem nas bonecas e, dessa maneira, são passadas entre as gerações.
O processo de confecção das bonecas Karajá tem cinco etapas. A primeira é a extração e, depois, a preparação do barro. Em seguida, as figuras são modeladas para, então, as queimarem e pintarem. As bonecas são comercializadas nas cores preta e vermelha apenas pelas mulheres na própria aldeia ou em lojas de decoração.
Foto de Capa: Kamoo