Arte e comida: O livro de receitas de Claude Monet

Foto: Amazon

No impressionismo, os artistas franceses retrataram os passatempos do mundo moderno, e alguns deles se concentraram em torno da comida e da bebida, como nas representações de refeições em restaurantes, piqueniques e até mesmo nos entretenimentos noturnos de bares e cabarés. O historiador Giulio Carlo Argan, em sua clássica obra “Arte Moderna”, aborda como os próprios impressionistas, a partir de 1880, dedicaram-se a investigar a estrutura da sensação, “pretendendo provar com fatos que a sensação não é uma matéria bruta oferecida à consciência, mas é consciência que, em sua plenitude, faz-se existência”. Desta forma, a comida pode vir a ser a matéria bruta de sensações.

Durante a arte pré-moderna e moderna, pode ter ocorrido um direcionamento à comida por ter havido a valorização da experiência e aproximação de outros elementos além da arte em si. A intencionalidade e a utilização da sensação proporcionada pelos alimentos permitem à consciência materializar plenamente a existência entre a arte e a vida.

Claude Monet, um dos precursores e maiores expoentes da arte impressionista, esteve diretamente ligado à questão culinária. O livro de receitas culinárias “The Monet Cookbook: Recipes from Giverny” (2016), escrito por Florence Gentner, revela como o artista estava preocupado com a sua alimentação e realizava experiências na cozinha e rotinas de plantar e colher, sugerindo um estilo de vida cuidadosamente planejado e equilibrado. Nele, há 60 receitas originais de Claude Monet, juntamente com imagens de suas pinturas, cenas de sua vida em Giverny e fotografias de pratos. Cada capítulo aborda receitas que foram servidas na famosa sala de jantar amarela de Monet, refeições feitas ao ar livre nos jardins de Giverny e em vários dos restaurantes ao longo do rio Sena.  

Sala de jantar amarela. Foto: Fundação Claude Monet
Cozinha azul. Foto: Fundação Claude Monet

Claude Monet viveu metade de sua vida em Giverny às margens do Rio Sena. Ele se mudou para a Normandia em 1883 com sua futura segunda esposa e seus oito filhos. Assim como a inspiração para muitas das obras de Monet surgiu de seus jardins e da paisagem da Normandia, as refeições servidas em Giverny foram baseadas nos melhores pratos locais da própria horta da família, pequena propriedade e produtores da região. O artista recebia diversos amigos, como Renoir, Degas e Cézanne para o almoço servido às 11h30, permitindo que Monet aproveitasse ao máximo a luz da tarde para sua pintura. Como ele também se deitava muito cedo para acordar ao nascer do sol e pintar a luz natural, geralmente os amigos não eram convidados para o jantar.

A sua casa em Giverny é preservada pela Fundação Monet, criada em 1980 e após um longo de período de restauração foi aberta ao público, recebendo mais de 500.000 visitantes por ano. Para realizar uma visita virtual na casa de Monet, acesse o link: https://fondation-monet.com/visite-virtuelle/

Casa de Claude Monet em Giverny. Foto: Fundação Claude Monet

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