A artista modernista Tarsila do Amaral pintou um quadro para o seu Marido, Oswald de Andrade, como presente de aniversário, que imediatamente se encantou com a obra.
Através de seus comentários e de amigos, que diziam que a obra retratava “uma figura enigmática, um índio canibal, um homem antropófago, aquele que iria devorar a cultura para se apossar dela e reinventá-la”.
A artista, inspirada por um dicionário tupi-guarani, nomeou a obra como “Abaporu” (junção das palavras “aba” e “poru”, que significa “homem que come”).
“Sua grandeza se deu desde o início, porque naquele contexto ele acabou inspirando o Manifesto Antropófago, escrito por Oswald, e o movimento que seria decorrente desse texto, a Antropofagia“, afirma Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta e responsável pelos direitos da obra da artista, em entrevista à BBC News Brasil.
O Quadro fora exposto pela primeira vez em Paris; em seguida Tarsila ganhou exposições individuais em alguns estados do Brasil e participou de bienais, sendo uma delas em Veneza.
Em 1995 o quadro foi arrematado pelo empresário Argentino Eduardo Constatini em um leilão organizado pela Forbes, por US$ 1, 35 milhões (recorde nacional).
“Sem dúvida é a peça mais representativa e valiosa da arte brasileira. Sua iconicidade cresce ano a ano, como um mito também da arte latino-americana. Seu valor estimado hoje é impossível de ser definido, mas é muito superior a US$ 45 milhões.” disse Constantini, fundador e presidente do Malba, que não economizou elogios à obra.