Quando o algoritmo pede bis e a vida desafina

Por Fredi Jon

Vivemos numa época curiosa: tudo tem aplicativo, menos paciência. A tecnologia nos dá mapas, estatísticas, predições. Só não sabe lidar quando a pergunta é simples demais: o que é sentir?

A verdade é que não estamos diante de uma guerra entre humanos e máquinas. Estamos, na real, num campeonato de quem aguenta mais notificações antes de surtar. E, por enquanto, estamos perdendo feio.

O problema do “sempre online”

Chamamos de conexão, mas o que temos é uma overdose de ruído. A vida virou um feed infinito, e cada deslize é apenas mais um scroll. Mas quem foi que decidiu que “viver” é estar permanentemente atualizado?

Parece piada, mas não é: se o mundo acabar numa terça-feira, provavelmente vai ser no meio de uma reunião no Zoom. E alguém ainda vai perguntar: “Você está no mudo?”

A arte como contra-ataque (gentil)

A arte não serve para otimizar nada. Ao contrário: ela atrapalha o cronograma, bagunça o algoritmo e nos obriga a sentir coisas que não estavam previstas na agenda. Um acorde fora do lugar pode salvar a canção. Um silêncio no meio da fala pode dizer mais que um relatório inteiro.

Enquanto a tecnologia nos dá eficiência, a arte insiste em oferecer algo escandalosamente inútil: **sentido**.

E porque a tecnologia, afinal?

Ela não é vilã. É como aquele parente tagarela do almoço de domingo: ajuda, diverte, mas às vezes a gente precisa pedir para respirar. O problema não é a máquina criar, mas nós esquecermos que ainda cabe a nós decidir o que vale criar.

Se uma IA compõe uma canção que me emociona, ótimo. Mas aí surge a pergunta: – O que faço com o tempo que sobrou?  Vejo mais uma série ou finalmente sento para ouvir a vida sem pressa e reflito sobre o que é viver?

Algumas pequenas regras de sobrevivência

Intervalo não é luxo: até os robôs reiniciam.

O erro é ouro: porque a vida sem tropeço vira tutorial de YouTube.

Cochilo é sabedoria: já dizia minha avó, nenhuma ansiedade sobrevive a uma soneca bem feita.

Três perguntas para o amanhã

1. O que eu nunca deixaria ser automatizado, mesmo que pudesse?

2. Qual dor merece cuidado lento, e não solução rápida?

3. Qual música me lembra que não sou engrenagem?

Talvez a tal verdade esquecida seja esta: um mundo habitável não depende só de processadores mais rápidos, mas de corações menos apressados. Porque, se for para viver apenas como algoritmo, até os robôs vão nos achar sem graça.

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