Se você mora perto de alguma igreja católica, com certeza já ouviu os toques dos sinos. Muito provavelmente, também, os usa para marcar o tempo ao longo do dia – assim como eu. Porém, eles servem para muito mais do que marcar as horas. Sendo assim, anunciam rituais e celebrações religiosas, atos fúnebres e comunicações para a comunidade do entorno.
O tocar dos sinos é feito por uma figura muito importante e tradicional: o sineiro. Ele é, portanto, responsável por reiterar e transmitir a habilidade e o conhecimento dessa atividade, visto que não é algo que se aprende na educação formal. Portanto, o Ofício de Sineiro se pauta na observação, na experiência e no envolvimento desde a infância.
Ou seja, essa tradição é muito mais do que apenas um trabalho. Assim, é referência da identidade cultural de um grupo e, por isso, demanda devoção e afetividade por parte do sineiro. A estrutura e a composição dos toques estão gravadas na memória dele. Dessa forma, cada pancada, badalada, repique e dobre é parte de quem ele e a comunidade de que faz parte são.
Além disso, o sineiro é sempre do sexo masculino e começa a frequentar as torres das igrejas desde muito jovem. Inclusive, em São João del Rei, em Minas Gerais, ocorre a Vila Sacra. Na ocasião, os aprendizes de sineiros percorrem as torres das principais igrejas da cidade para conhecerem e aprenderem mais.
O Ofício de Sineiro foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2009.
Foto de Capa: Researchgate