O Centro MariAntonia inaugura, no dia 5 de abril, a partir das 18 horas, duas exposições com entrada gratuita. O público pode conferir as exposições de terça a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas.
Imageria das redes: design e ativismos, com curadoria de Didiana Prata, apresenta por meio de peças gráficas e vídeos um recorte da produção estética dissidente relacionada aos principais acontecimentos que marcaram um período conturbado da história do Brasil de 2019 a 2022, escalonado pela pandemia sanitária, social e política.
O projeto curatorial parte desse levante poético e de uma seleção de artefatos gráficos – mini cartazes digitais – extraídos do experimento de net art e design visual Calendário Dissidente. Fruto de uma extensa pesquisa de Prata, esse arquivo digital da memória gráfica e da cultura visual brasileira é constituído com o auxílio de inteligência artificial e permite a leitura de uma narrativa visual cronológica, configurada pelas milhares de imagens capturadas do Instagram – perdidas e embaralhadas na opacidade das redes e agora disponíveis em suporte físico e num espaço público.
A exposição apresenta narrativas compostas em torno de # (hashtags) temáticas como #designativista, #desenhospelademocracia, #mariellepresente, #coleraalegria, #projetemos e #foragarimpoforacovid. São imagens-mensagens que dão voz à pautas coletivas e decoloniais e dão visibilidade à produção estética nacional de designers, artistas, ilustradores e cidadãos, usuários das redes. O texto sobre o uso da visão computacional na pesquisa é de Giselle Beiguelman, orientadora da tese de Prata na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.
Para a curadora, “o design visual e as múltiplas linguagens – ilustrações digitais, ilustrações manuais, tipografias digitais, escritas vernaculares, imagens factuais, apropriadas e remixadas – representam a estética contemporânea da imageria das redes e reforçam a potência dos artefatos gráficos como vetores de transformação social e política”.
Já Juan Casemiro traz a exposição Onze Horas, com curadoria de Julie Dumont e Daniela Avellar, que consiste na instalação Levar Meu Pai para Conhecer e um grupo de vinte trabalhos.
O artista evoca experiências pessoais em seus trabalhos: os encontros amorosos, o luto, as incertezas; tanto na configuração das obras como nos títulos. São objetos encontrados nas ruas e em caçambas que, depois de um tempo convivendo no ateliê, onde também o artista mora, se transformam em objetos. Uma espécie de organização da própria vida que fica evidente lendo os títulos dos trabalhos, que faz referências a trechos de músicas, poesias e mensagens de texto que recebe.
A curadora Dumont explica que “há nas obras do artista uma parcimônia de gestos, um minimalismo que parece procurar revelar as memórias carregadas pelos elementos que ele manipula e junta, evidenciando a simplicidade da matéria e as tensões que ela incorpora, sem impor narrativas, sublimando a história que se adivinha nas entrelinhas – com delicadeza, para não perturbar as imagens refletidas na superfície lisa das águas da memória.”
Quem são os curadores
Didiana Prataé designer gráfico, curadora de imagens, professora e doutora em Design pela FAU USP. Sua pesquisa foca no design de narrativas visuais e nos novos vocabulários estéticos que emergem das interfaces informacionais. É consultora de design integrado com comunicação. Realiza projetos de identidade visual e de estratégias de narrativas visuais para marcas e institutos e participa da concepção e de projetos expositivos e curatoriais. Atualmente integra os grupos de pesquisa Estéticas da Memória no Século 21 (CNPq/FAUUSP) e GAIA – Grupo de Artes e Inteligência Artificial do Inova – USP. É professora de Design do Centro Universitário Armando Alvares Penteado e do IED – Istituto Europeu de Design.
Daniela Avellar é curadora independente, pesquisadora e professora. Graduada em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), mestre em Estudos Contemporâneos das Artes e doutoranda em Comunicação e Estética pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ministra cursos e acompanha artistas em diferentes plataformas e iniciativas, como Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, Casa da Escada Colorida, entre outros. É editora do projeto de publicação entre arte e design Periódico-periódico, lançado pela Satélite Books (New York). Já publicou capítulos de livro, como em Terralíngua (Numa Editora, Rio de Janeiro, 2023) e Border-Listening (Contingent Sounds, Berlin, 2021), entre outros. Recentemente se dedicou a uma série de exposições organizadas e pensadas para espaços não-convencionais, como Ágape Frugal e Fetisso Fulgente (2023). Colabora na curadoria e programação da Refresco, iniciativa independente localizada na zona portuária do Rio de Janeiro, onde organizou, em 2023, atividades como a série de encontros de debate Despensar o texto, a exposição coletiva O Feitiço da Língua, que foi parte da programação do Congresso Brasileiro de Agroecologia, entre outras.
Julie Dumont é formada em direito pela Université Libre de Bruxelles (ULB) e, desde 2012, mora no Brasil, com atividades de curadoria independente em São Paulo. Integrou a galeria Fita Tape como sócia em 2015 e, em 2017, criou a iniciativa curatorial nômade The Bridge Project, atuando entre o Brasil, Bruxelas e Nova Iorque essencialmente, criando pontes entre artistas de continentes e gerações diferentes em contextos diversos tais espaços independentes, coleções e galerias de arte. Foi curadora residente convidada na Residency Unlimited em 2018 (Nova Iorque) e Mothership em 2023 (Nova Iorque). Publicou um ensaio na revista Amarello (2020). É integrante do grupo de estudos Fidalga desde 2018 e acompanha artistas no quadro do grupo de estudos e discussões International Lab For Art Practices (ILAP) desde 2021.
O artista
Juan Casemiro é graduado em arquitetura pela Universidade Mackenzie e mestre em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP). Sua formação em arquitetura também exerce uma influência nas escolhas dos objetos (em sua maioria oriundos do descarte da construção civil) e na própria estrutura das obras que se assemelham a elementos como janelas, colunas, portas, entre outros. Em 2022, realizou as individuais Retrabalho, no MAC Niterói (RJ) e Oito horas não são um dia no Museu Mineiro em Belo Horizonte (MG). Participou das Bolhas Siderais e Espumas Siderais, na Marli Matsumoto Arte Contemporânea, em São Paulo em 2021; 13ª Bienal de Arquitetura de São Paulo em 2022; Contra o silêncio dos espaços infinitos no Massapê, em 2022; Warm Sun, Cold Rain, curadoria Julie Dumont, no Zsenne Art Lab, em Bruxelas e Galpão Cru em São Paulo e residência artística em Bruxelas (the Bridge Project + Zsenne Art Lab + Elizabeth Xi Bauer Gallery) em 2023.
Serviço
Exposições
Abertura – 5 de abril a partir das 18 horas
Imageria das redes: design e ativismos
Onze Horas
Onde | Centro MariAntonia – Edifício Joaquim Nabuco
Rua Maria Antônia, 258 – Vila Buarque – São Paulo, SP (próximo às estações Higienópolis e Santa Cecília do metrô)
Quando | De 5 de abril a 2 de junho de 2024
Visitação | terça a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas
Quanto | Grátis
Informações | (11) 3123-5202