
Conhecida por produzir as icônicas noivas de cerâmica do Vale do Jequitinhonha, a “bonequeira” Isabel Mendes da Cunha começou a lidar com barro ainda pequena.
Sua mãe, Dona Vitalina, já fazia utensílios de cerâmica para complementar a renda da família e, como dita a tradição, a arte foi passada também para sua filha. E foi assim, com uma mistura de brincadeira e trabalho, que Isabel começou a usar a argila para criar suas próprias peças, incluindo bonecas.
Foi através do ofício ensinado pela mãe que mais tarde a artesã sustentaria seus filhos sozinha, já que ficou viúva muito cedo. Isabel criava pratos, moringas e panelas para serem vendidos nas feiras; porém os compradores desejavam itens baratos e as peças de louça e alumínio se tornaram mais atrativas.
Então a artesã decidiu retornar suas inspirações infantis e produzir também bonecas, presépios, pássaros, entre outros itens.



E foi assim que seu trabalho passou a se tornar referência e a levou a participar de campanhas de estimulo ao artesanato em regiões do Vale do Jequitinhonha, como a criação da divisão de cultura da Comissão de Desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha (Codevale), em 1972, e a instalação de um campus avançado do Projeto Rondon em Araçuaí, em 1973.
A partir daí, Dona Isabel participou de diversas exposições coletivas de arte popular, recebeu o Prêmio Unesco de Artesanato para a América Latina (2004), a Ordem do Mérito Cultural (Ministério da Cultura do Brasil, 2005) e o Prêmio Culturas Populares (Ministério da Cultura do Brasil, 2009).
Em 2009, aos 85 anos, inaugurou sua primeira exposição individual, na Galeria Estação, em São Paulo, pela curadora Lélia Frota (1938-2010), aos cuidados do Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro (IIPB).
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