Hoje eu vou contar para vocês uma história muito interessante, mostrando que o amor não tem idade e que tem gente que acredita que nunca é tarde para ser feliz. Era uma tarde ensolarada de verão quando uma senhora nos contratou para fazer uma serenata no bairro de Pinheiros para um senhor de 76 anos.
Na adolescência, eram apaixonados, tinham a mesma idade e planos para se casar, mas dona Matilde ficou grávida de Agenor com apenas 16 anos e, então, tudo mudou. Seus pais a proibiram de voltar a vê-lo e até mudaram de cidade.
Passados mais de 60 anos, Matilde tinha dúvidas se ele ainda estava casado e, por isso, arriscou uma estratégia: disse que, se no momento da serenata ele viesse ao nosso encontro sozinho, deveríamos ler a mensagem que ela havia preparado, falando em breves palavras o que esse amor significou. Caso contrário, leríamos outra mensagem em um tom de amizade, como se os velhos amigos o felicitassem pela data do aniversário.

Ela não sabia o exato local onde ele morava, então contava com nossa habilidade e boa vontade para descobrir a toca do seu coelhão, apelido que deu a ele por conta dos seus infinitos pelos brancos. E lá fomos nós, em dupla para a serenata, mas em trio na torcida por uma boa notícia. De prédio em prédio, buscávamos o senhor Agenor até que, na quarta tentativa, tivemos sucesso, e então ele foi avisado da surpresa que o esperava na portaria.
Essa seria uma serenata totalmente diferente porque o repertório e a mensagem dependeriam se o homenageado estava ou não acompanhado de sua esposa. Enfim, ele chega animado, mas um pouco desconfiado, porque, afinal, quem havia enviado uma serenata?
Começamos a cantar e ele não esboçava nenhuma reação que pudesse animar nossa investida nesse campo minado. Iríamos iniciar a leitura da mensagem preparada com toda a emoção, de anos, condensada em poucas palavras, quando avistamos, saindo do elevador, a senhora dele, pra nossa decepção!!!
Preparamos rapidamente um novo texto e começamos a ler. Eles se abraçaram e começaram a ouvir o que tínhamos a dizer e cantar. Sabemos que, a partir daquele momento, toda nossa investida e torcida seriam em vão. Ele agradeceu a homenagem, disse que ficou feliz e enviou um grande abraço “aos amigos”.

Mas afinal, que amigos enviariam músicas italianas e românticas para outro amigo se não por sacanagem? Então, achamos que ele sempre soube, mas ainda assim se fez indiferente por conta da presença da esposa, que no final agradeceu sorridente.
Será que ele soube que poderia ser o seu grande amor tentando uma nova aproximação? Afinal, era a trilha sonora da adolescência deles. Será que ele sabia que era ela? A dona Matilde? Será que fizeram contato? As respostas dependem apenas de mais uma serenata, seja por dona Matilde ou por seu Agenor… se eles ainda estiverem vivos.
Texto Fredi Jon – www.serenataecia.com.br / 11 99821-5788

Acompanhe este tema em vídeo animado no Minuto Serenata no canal SERENATA & CIA do YouTube com narração de Valdecir Almeida