Arte e comida: O livro de receitas da Frida Kahlo

Aproximada com o movimento surrealista, a artista Frida Kahlo escreveu seu próprio livro de receitas, nomeado “Livro da erva santa”. O livro original foi roubado em uma exposição que ocorreu em Londres e não foi mais encontrado. Entretanto, antes do roubo, o escritor mexicano, Francisco Haghenbeck, transcreveu as receitas e anotações desse livro escrito pela artista, relacionou com a biografia da artista e lançou o livro “O segredo de Frida Kahlo” em 2011. O livro retrata a vivência da pintora com o universo da gastronomia, receitas típicas mexicanas, criações da própria artista e a relação entre cada receita e algum momento de sua vida. 

Foto da capa do livro “O segredo de Frida Kahlo”

Em uma das receitas, Frida Kahlo conta sua relação com a festa do “Dia dos Mortos”, comemorado sempre do dia 31 de outubro ao dia 02 de novembro. Considerada pela Unesco como patrimônio da humanidade, a festa reúne família e amigos para comemorar a vida dos mortos, com muita comida, velas, música e caveirinhas feitas de açúcar. Segundo a crença popular, nessa data, os mortos têm permissão divina para visitar parentes e amigos para celebrarem a vida juntos. Frida Kahlo participou ativamente dessas festas e após sofrer um acidente na juventude, a artista fez uma promessa de que todos os anos, no Dia dos mortos, faria uma oferenda de pães e doces. Em seu livro, ela anotou a sua receita do “Pão dos mortos” com o relato: “Nós mexicanos rimos da morte. O nascimento e a morte são os momentos mais importes de nossa vida. A morte é luto e alegria. Tragédia e diversão. Para conviver com a hora final, fazemos nosso pão de ossinhos açucarados, redondo, como o ciclo da vida; e, no centro, o crânio. Doce, mas mortuário. Esta sou eu”.

“Receita do Pão dos mortos

1 kg de farinha

200g de manteiga

11 ovos

300g de açúcar

100g de margarina

1 colher de chá de sal

30g de levedura em pó

1 colher de sopa de água de flor de laranjeira

Manteiga e açúcar para decorar

Numa mesa, forme uma montanha com a própria farinha e faça um furo no meio. Ali, coloque a manteiga e margarina e amasse com a mão. Junte o açúcar e os ovos, um a um. Depois, acrescente aos poucos os demais ingredientes. Antes de adicionar a levedura não se esqueça de dissolvê-la em ¼ de xícara de água morna. Amasse bem até que a massa desgrude das mãos e da mesa. Depois, tenha paciência e deixa a massa repousar por mais ou menos 1 hora, até ficar esponjosa. Volte então a amassar e dar forma de pão de morto, reservando um pouco da massa para fazer os ossinhos. Deixe a massa coberta com um pano e longe de correntes de ar até que cresça e dobre de tamanho. Para fazer os ossinhos, enrole com os dedos um pouco de massa, coloque sobre o pão, passe um ovo ligeiramente batido e leve ao forno preaquecido a 200°C por 20 ou 30 minutos. Depois de assado, unte o pão com manteiga e polvilhe com açúcar”.

Foto da cozinha no Museu Frida Kahlo

Para conhecer mais sobre a vida da artista, você pode realizar uma visita virtual pelo Museu Frida Kahlo através do link: https://www.museofridakahlo.org.mx/es/el-museo/multimedia

O Museu Frida Kahlo, também conhecido como Casa Azul, é um museu-casa histórico dedicado à vida e à obra da artista mexicana. Está localizado no bairro Colonia del Carmen de Coyoacán, na Cidade do México. A casa foi o local de nascimento de Frida Kahlo e também a casa onde a artista cresceu, viveu com seu marido Diego Rivera por vários anos e faleceu. Em 1958, a casa foi doada a fim de transformá-la em um museu em homenagem a Frida Kahlo. O museu contém uma coleção de obras de arte da pintora, de seu marido e também de outros artistas, além de objetos de arte popular mexicana, artefatos pré-hispânicos, fotografias, objetos e itens pessoais. São dois andares, com vários quartos, um estúdio, uma cozinha e uma sala de jantar. A visão do museu é transmitir o interesse da artista pela cultura e identidade mexicanas através da preservação do museu-casa e de seus objetos pessoais, a fim de gerar uma experiência memorável para os visitantes.

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