Oficina: Pedagogias Indígenas – Território, Cultura e Resistência
Transporte de Emoções: Serenata no Ônibus
Em uma tarde do mês de outubro, recebemos um telefonema de um rapaz. Cláudio era o seu nome. Ele queria contratar uma serenata para o pai, o “Seu Orlando”, um senhor de quase setenta anos, cobrador de ônibus, que estava para se aposentar. Seus filhos queriam fazer uma homenagem para ele e contratar um trio para fazer uma serenata no ônibus. Fredi Jon tentou argumentar, mas Cláudio estava irredutível; a serenata tinha que ser feita no ônibus. Então, foi tudo combinado: seria apenas uma música no dia 13 de outubro, às 19h.
Os filhos do Seu Orlando combinaram tudo com o motorista do ônibus; ele faria uma parada no primeiro ponto de ônibus depois que saíssem do ponto final. Aquela linha era tranquila, mas naquela noite especificamente o ônibus estava lotado. Para piorar, estava caindo um verdadeiro temporal na cidade. Foi uma verdadeira odisseia: os três músicos, acompanhados dos três filhos do Seu Orlando, totalmente ensopados, entraram no ônibus. Foi um “com licença” daqui, um empurra-empurra dali até chegarem à catraca do ônibus. Quando Seu Orlando viu aquelas pessoas vestidas de forma tão diferente, ficou boquiaberto, sem entender nada. Fredi Jon explicou que era uma homenagem. Aí, os filhos apareceram, o abraçaram, parabenizaram-no e o velho homem caiu no choro. Nesse momento, o ônibus inteiro começou a aplaudir.

Os seresteiros começaram a cantar a canção mais importante da serenata, e o ônibus, em coro, cantou junto. Seu Orlando, sem palavras, não sabia como agradecer, enquanto nosso trio, bem molhado, descia do ônibus sendo ovacionado. Pareciam verdadeiros “rock stars” depois do temporal, literalmente! Kkk.
Texto – Fernanda Morena. Outras histórias você encontra no MINUTO Serenata disponível no site: serenataecia.com.br e no YouTube