Serenata & Cia: 25 anos de emoções e o desafio do tempo
Por Fredi Jon
A trupe Serenata & Cia celebra, neste ano, 25 anos de estrada. Um quarto de século levando música, emoção e poesia a escolas, empresas, festas e lares. São milhares de homenagens que marcaram vidas, com lágrimas sinceras, sorrisos largos e abraços apertados embalados por canções. Mas por trás desse brilho encantador existe uma realidade que poucos enxergam: a arte da serenata também enfrenta o peso dos bastidores.
Em datas comemorativas, como Dia das Mães, dos Professores, aniversários ou confraternizações, os horários combinados raramente são respeitados. Nas escolas, a cena se repete como um ritual: a trupe chega pontualmente, mas precisa aguardar porque o café atrasou, os alunos estão ensaiando uma surpresa, ou o som ainda não está funcionando. O tempo, que para os músicos da Serenata & Cia é cronometrado, começa a escorrer por entre os dedos.

Cada serenata tem sua emoção única, e também sua logística específica. São várias apresentações no mesmo dia, cruzando bairros, enfrentando trânsito, rodízio de veículos, improvisando camarins em corredores, escadas ou até dentro do carro. A falta de infraestrutura é comum: microfones que não funcionam, caixas de som esquecidas, espaços improvisados para apresentações que mereciam mais cuidado. E ainda assim, os músicos sorriem, afinam os instrumentos e transformam qualquer espaço em palco.
Mas o que ninguém vê é o custo emocional dessa entrega. A trupe precisa administrar os próprios humores alterados pela correria, pela fome, pela sede e pelo calor. Há tensão quando o próximo cliente liga, cobrando a pontualidade do horário combinado, enquanto o atual ainda pede “só mais um minutinho”. Esse minutinho, repetido em cada parada, vira atraso em cadeia. E nesse entrelaçar de emoções, surge o dilema que há 25 anos Serenata & Cia carrega com dignidade: como honrar a pontualidade e, ao mesmo tempo, não cortar a beleza do momento presente?
Porque a serenata é, acima de tudo, um gesto emocional. É impossível pedir pressa a quem está chorando de saudade, a quem está revivendo memórias, a quem esperou aquele momento com tanto carinho. Por isso, o profissionalismo dos músicos não se mede apenas por sua afinação ou presença cênica. Mede-se também pela capacidade de respirar fundo, conter o cansaço, silenciar a irritação e entender que, naquele instante, a música é remédio, é oração, é afeto.
A Serenata & Cia segue, ano após ano, entre planilhas e partituras, entre o relógio e o coração, fazendo o que poucos conseguem: transformar o caos em beleza. E se há algo que esses 25 anos ensinaram, é que o tempo da emoção não cabe nos ponteiros do relógio. Por mais difícil que seja, é nesse intervalo, entre o previsto e o vivido, que a verdadeira arte acontece. E ali, a serenata cumpre sua missão maior: tocar o que há de mais profundo na alma humana.
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