Reconstituição do verdadeiro rosto de Dom Pedro I

Em 2012, José Luís Lira, advogado e professor da Universidade Estadual Vale do Aracaú, no Ceará, adquiriu os direitos sobre uma fotografia de Dom Pedro I. Ela reproduzia os restos mortais do imperador que foram exumados da cripta no Ipiranga, bairro de São Paulo, a fim de que realizassem estudos científicos na Universidade de São Paulo (USP). Então, a convite de José Lira, o designer Cícero Moraes realizou um trabalho de reconstituição.

As fotografias desse episódio foram enviadas para o perito legista Marcos Paulo Salles Machado sem que ele soubesse quem era a figura que retratavam. Assim, após suas análises, estimou que fosse de um adulto jovem de origem europeia e que o mesmo teria uma marca de fratura no nariz. Essa identificação se deu devido a uma deformação nos ossos nasais. Não há nenhum registro histórico de que Dom Pedro I tenha tido uma lesão no nariz, especificamente, mas há diversas menções a quedas de cavalo e a acidentes de carruagem em sua biografia.

A reconstituição do rosto de Dom Pedro I

Cerca de três anos após a exumação, José Lira, com autorização dos descendentes de Dom Pedro I, convidou Cícero Moraes para a reconstituição. O objetivo do advogado, dessa forma, como admirador da figura histórica, era que os brasileiros pudessem conhecer a verdadeira face do nosso primeiro imperador.

Crédito: Cícero Moraes

Dessa maneira, Cícero começou o processo utilizando um doador virtual. Este consiste de um crânio tridimensional de outra pessoa que foi sendo alterado de acordo com a estrutura do crânio de D. Pedro I. Em sua reconstituição facial 3D, é possível observar uma assimetria no nariz da figura que bate com as análises do legista. Mas, de maneira geral, a característica mais marcante – e mais ressaltada pelo biógrafo do imperador, Paulo Rezzutti, é a aparência amigável e simpática.

Crânio de D. Pedro 1º
Crédito: MAURICIO DE PAIVA/National Geographic Brasil, cedida por José Luís Lira

“D. Pedro foi tão escrachado em tudo o que fez que não tem como deixar ao menos de gostar de sua autenticidade. Ele foi criado nas ruas do Rio de Janeiro, com o povo, gostava de música e de farra, como qualquer adolescente até hoje. O problema é que ele foi mulherengo a vida toda e isso deixou marcas profundas na forma como as pessoas passaram a vê-lo.”

Paulo Rezzutti sobre D. Pedro I para a BBC

Além disso, o mesmo designer responsável por essa reconstituição, Cícero Moraes, também foi o profissional por trás da reconstrução da fisionomia de São Valentim, o santo padroeiro dos namorados.

Fonte: BBC

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