CASA FIAT DE CULTURA REFLETE SOBRE O PAPEL SIMBÓLICO DAS PRAÇAS NO SÉCULO 21 EM PALESTRA ONLINE
As praças sempre representaram o principal espaço arquitetônico da cidade. Local de troca, sociabilidade e um símbolo de comunidade, com funções estéticas, monumentais e de lazer. Em cada época, a construção desses espaços acompanhou a evolução das cidades e da própria sociedade. Mas qual é o papel dessas praças na contemporaneidade? Para falar sobre esse assunto, a Casa Fiat de Cultura, o Consulado da Itália em Belo Horizonte e o Istituto Europeo di Design (IED) realizam a palestra virtual “Poder e História: os desafios da praça contemporânea”, no dia 31 de agosto, às 19h, com a arquiteta Carlotta Pinna. A conversa será mediada pela coordenadora de pós-graduação do IED, Graziela Nivoloni. O evento, que é gratuito e com inscrições pela Sympla (https://bit.ly/PodereHistoria), integra a programação da exposição virtual “As Praças [In]visíveis”, que pode ser apreciada no site da Casa Fiat de Cultura até o dia 12 de setembro.
Um dos grandes desafios arquitetônicos da sociedade contemporânea é buscar conexões entre os anseios das pessoas sobre as praças e sua função enquanto espaço público. Carlotta Pinna destaca que essa temática esteve ausente nas reflexões do movimento arquitetônico moderno. O foco nos problemas de habitação e do crescimento exponencial da população gerou uma visão diferente da praça: “a partir de então, era uma espécie de expressão burguesa e reduto de convenções ultrapassadas”, explica a arquiteta.
Até essa época, porém, a praça tem grande importância como local público, status que remonta desde a Antiguidade. A construção das cidades se dava em torno de espaços de convivência, com função social, estética, bem-estar social e até educacional. Na Itália, a praça tem um forte poder histórico, resultado de uma lenta construção coletiva e estratificação de diferentes linguagens arquitetônicas, com soluções específicas para cada época e local. Justamente por isso, essas praças tiveram a capacidade de persistir ao longo do tempo em que foram concebidas, projetadas e construídas, adaptando-se a um uso coletivo diferente, um ícone do espaço público por excelência. A magnitude desses espaços é tão significativa, que, mesmo em um cenário de pandemia, com grandes vazios urbanos silenciosos, eles continuam sendo símbolo de beleza renovada e evocam no espectador solitário o eco de histórias e experiências da cidade, como visto na exposição “As Praças [In]visíveis”, em cartaz na Casa Fiat de Cultura.
Em contraponto, temos as praças contemporâneas, que reproduzem as formas históricas de espaços tradicionais. E, por isso, de acordo com Pinna, “permanecem suspensas numa aura de artificialidade fria e sinistra”. Embora sejam pensadas para compor cidades ideais, essas praças estão em lugares anônimos, projetadas a partir de uma lógica comercial. “Por isso, cabe ao arquiteto a responsabilidade de repensar a praça contemporânea, que hoje ainda não encontrou suas peculiaridades. Já o cidadão tem o poder de escolher e vivenciar o lugar que mais lhe pertence, direcionando assim as novas arquiteturas urbanas”, reflete.
Realização palestra Poder e História
A palestra “Poder e História: os desafios da praça contemporânea” é uma realização da Casa Fiat de Cultura, do Consulado da Itália em Belo Horizonte e do Istituto Europeo di Design (IED), com apoio do Istituto Italiano di Cultura San Paolo e do Ministério do Turismo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, patrocínio da Fiat, do Banco Safra e da Gerdau, copatrocínio da Expresso Nepomuceno, da Sada, do Banco Fidis e do Mart Minas. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha), do Governo de Minas e do Governo Federal, além do apoio cultural do Programa Amigos da Casa, da Brose do Brasil e da Brembo.
Poder e História | Palestrante
Carlotta Pinna
Arquiteta, vive entre a Itália e São Paulo. Após se formar no Politecnico di Milano, obteve um mestrado em arquitetura na Technische Universiteit Delft (Holanda), com uma dissertação sobre “O papel da arquitetura e do planejamento urbano na renovação urbana das margens das cidades portuárias” e um mestrado em sustentabilidade do processo de design no Harbin Institute of Technology (China).
Trabalhou em vários escritórios entre Itália, Holanda e Portugal, desenvolvendo projetos tanto de larga escala quanto de interiores e corporativos. Colaborou com o IN / ARCH Istituto Nazionale di Architettura, trabalhando nos projetos de Processo de Regeneração Urbana de Planejamento Participativo e Processo de Design integrado.
Em 2014, fundou o Studio Habitat com o objetivo de criar uma rede de designers com experiência na área de arquitetura, design de produto e planejamento territorial e paisagístico. De 2016 a 2019, trabalhou como consultora do Departamento de Planejamento Urbano do Gabinete do Prefeito do Município de Cagliari (Itália).
Foi escolhida como embaixadora do design italiano no Brasil para o Italian Design Day 2020 “Disegnare il futuro. Sviluppo, innovazione, sostenibilità, bellezza”- promovido pelo Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional com o Ministério do Patrimônio Cultural e Atividades e Turismo, a Triennale di Milano, a Agência ICE / ITA, o Salone del Mobile di Milano, a Associação de Desenho Industrial e o Fundação Compasso d’Oro.